Suspeitas de morte no Centro tinham ação de despejo
As irmãs Wania Santos Silveira, de 52 anos, e Andrea Santos Silveira de Sousa, de 49 anos, suspeitas de matarem o aposentado Donizeti Rosa, de 60 anos, tinham uma ordem de despejo para desocuparem o apartamento 206 do edifício Center Franco. A Polícia Civil encontrou vestígios de sangue neste imóvel e acredita que a morte tenha ocorrido no local.
De acordo com a sentença da juíza Ângela Martinez Heinrich, expedida no dia 18 de outubro, era procedente o pedido de despejo contra as irmãs Andrea e Wania, que tinham o prazo de 15 dias para desocupação voluntária do imóvel.
Além do despejo, elas foram sentenciadas ao pagamento dos aluguéis atrasados e encargos do contrato, no valor de R$ 26.947,76, acrescidos de juros de mora a partir da citação e correção monetária com o ajuizamento da ação.
As irmãs também foram condenadas a quitarem os valores vencidos após o ajuizamento da ação de despejo, até a efetiva desocupação do imóvel. Elas também teriam que arcar com custas e despesas processuais, além de honorários advocatícios, fixado em 10% sobre o valor da condenação.
Segundo a ação de despejo, o contrato de aluguel teve início em junho de 2017, no valor de R$ 769,32. Contudo, desde setembro de 2019, as duas não estariam honrando com o pagamento.
O valor cobrado de aluguéis chama a atenção, já que a Polícia Civil afirmou que teria encontrado extratos de empréstimos – somados em R$ 25 mil – em nome da vítima. O valor estava sendo descontado da aposentadoria do idoso. Ainda não se sabe se ele usufruiu da quantia. Contudo, a perícia aponta que o contrato seria recente.
PRISÃO
As irmãs Wania e Andrea tiveram as prisões temporárias decretadas na tarde desta quinta-feira (10) pela Justiça de Marília. A dupla é suspeita de matar o aposentado Donizeti Rosa, de 60 anos, e ocultar o corpo em sacos plásticos. O cadáver foi abandonado no Centro da cidade.
Imagens de câmeras de segurança ajudaram os policiais civis no esclarecimento do homicídio, menos de 12 horas após a descoberta do crime.
As duas foram detidas pela Polícia Militar (PM) por volta das 8h30, após um chamado sobre um possível roubo. As irmãs teriam sido vítimas de um assalto, mas se enrolaram ao explicar o ocorrido para os policiais militares, que passaram a suspeitar delas.
Os PMs desconfiaram que fossem as possíveis autoras do homicídio descoberto no dia anterior e as levaram para a Central de Polícia Judiciária (CPJ).
Elas permanecerão presas em prisão temporária com prazo de 30 dias, que pode ser estendido para mais 30. Ao final do prazo, a Polícia Civil também pode pedir a prisão preventiva das suspeitas.
As irmãs passaram a noite na carceragem da Polícia Civil na CPJ de Marília, sendo encaminhadas nesta manhã para uma unidade prisional da região.
APARTAMENTO
O Marília Notícia já tinha mostrado que ontem a polícia descobriu que a vítima provavelmente foi morta dentro do apartamento de um prédio há cerca de 20 metros do local.
Conforme o delegado, o imóvel estava limpo. Entretanto, a perícia conseguiu achar sangue no local.
“Ao que consta, as duas moravam lá com esse senhor. [As pessoas perguntam] o prédio, ninguém viu retirar o corpo? O problema do prédio é que moram poucas pessoas, cerca de 90% das salas, que antigamente era para comércio, estão desocupadas. Então houve dificuldade para a gente conseguir achar onde esse corpo estava. Nós sabíamos que tinha sido retirado daquele prédio, mas o apartamento exato tivemos muita dificuldade. Acabamos contando com a colaboração do administrador do condomínio e de uma ou outra pessoa que morava lá”, explicou Sampaio.
A polícia também descobriu que uma pessoa com um veículo esteve no prédio, mas não quis colocar o saco com o corpo no automóvel.
“Chegou sim uma pessoa com um carro no local. Elas desceram desse carro, entraram no apartamento e desceram com o corpo. Essa pessoa não quis colocar o corpo dentro do carro e saiu logo em seguida. A gente está tentando levantar o que ele sabe disso. Também já foi identificado”, contou o delegado.
RELAÇÃO VÍTIMA E SUSPEITAS
Segundo o apurado pela polícia até o momento, as suspeitas vieram de fora, a princípio de Minas Gerais, e moravam com o idoso, que era debilitado. As duas seriam cuidadoras da vítima. Rosa era aposentado.
No apartamento, a polícia localizou alguns extratos bancários que indicam empréstimos somados em R$ 25 mil no nome da vítima.
“Nós localizamos lá no apartamento alguns extratos que indicam que houve empréstimos no nome dele recentemente. Pelo que a gente levantou no documento, R$ 25 mil em empréstimo consignado. São menos de 24 horas que fomos acionados, ainda tem muito para investigar. A motivação também. Foi coletado o material para ver se o saque era feito por elas, mas ainda é muito prematuro. A motivação elas ainda não confirmaram. Pode ter sido uma série de situações, ele era debilitado. Sobre o que aconteceu lá, se elas não confirmarem, vamos ter que aguardar o laudo necroscópico para ter uma noção”, ressaltou.
Ainda conforme a polícia, fazia tempo que os moradores do prédio não viam a vítima e algumas pessoas relataram ter presenciado várias brigas entre o idoso e as mulheres.
“Ele tinha debilidades, mas o pessoal do prédio já fazia tempo que não o via. O pessoal do comércio que o conhecia assistiu várias brigas entre elas e a vítima. Discussões eram rotineiras no local, mas como eu disse, agora vai depender de uma série de exames, não é rápido. Contudo, acreditamos que o caso está esclarecido”.