Eleitores de Marília discordam sobre atos e resultado das urnas
Inconformada com o resultado das urnas nas eleições presidenciais deste ano, uma parcela de eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL) promoveu nos últimos dias – e promete mais – manifestações em protesto nas estradas de todo o país e em frente aos quartéis do Exército Brasileiro, com pedido de ajuda das Forças Armadas para intervenção federal. Bolsonaro foi derrotado nas urnas pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em Marília e cidades vizinhas, o eleitorado se divide. Parte dos cidadãos que optaram por Bolsonaro apoia os atos em manifestação, mas a outra metade acredita no resultado – até pela diferença mínima – e torce pelo avanço do país.
A dentista Patrícia Pioto, de 21 anos, é favorável aos movimentos que têm sido realizados. Ela acredita que ainda pode acontecer uma reviravolta no cenário político para impedir que Lula assuma a presidência da República no dia 1º de janeiro de 2023.
“Eu sou a favor das manifestações que estão acontecendo e ainda tenho esperanças de que vão conseguir mudar o resultado. Acredito que tem chances de o Lula não ficar na presidência e, se ficar, vou torcer contra”, afirma a dentista.
O porteiro Rodrigo Biassi de 43 anos, morador em Campos Novos Paulista (distante 64 quilômetros de Marília), votou em Bolsonaro nos dois turnos, por não acreditar que Lula fará um bom governo. Contudo, afirma que vai torcer para que faça uma boa administração.
“Eu acho que não vai ser bom pelo passado dele, pelo que mostrou, mas não posso torcer contra. Esperava outro resultado, já que não deu, vamos torcer para que dê certo. Sou contra parar as rodovias, mas sou a favor das demais manifestações. Acho que ainda podem mudar algo”, diz o porteiro.
O professor de espanhol Luiz Acunha é peruano, mas vive no Brasil há mais de 30 anos, tem um filho brasileiro e se naturalizou no país. Ele conta que esse foi um dos poucos pleitos que participou e votou em Lula. Para ele, o resultado das urnas deve ser respeitado.
“Votei no Lula e acredito que o adversário deveria aceitar a derrota. Se acreditamos em um sistema democrático, o resultado deveria ser respeitado, até para chegar num consenso pacífico. Amo o Brasil e independente da minha posição política e preferência partidária, eu acredito que a oposição deveria aceitar. Foi uma eleição limpa e sem fraude”, diz o professor.
O estagiário Lucas Jean, de 18 anos, votou no atual presidente Jair Bolsonaro. Ele não acredita que houve fraude nas eleições, e lembra que Bolsonaro foi eleito com essas mesmas urnas. O jovem ainda afirma que agora vai torcer muito para o governo de Lula acertar, para o bem do Brasil.
“Que seja um governo bom para o país inteiro. Se ele fizer algo errado, que seja feita a Justiça, mas vou torcer para que o Brasil dê certo. O Bolsonaro sempre foi eleito pelas urnas eletrônicas, se elegeu presidente assim em 2018. Essas pessoas que estão manifestando não aceitaram o resultado, que para mim foi justo. Democracia é isso. Você gostando ou não, a maioria decide”, conclui.