PM pede para acessar queixa contra ex de Dhaubian
A Polícia Militar solicitou acesso ao processo digital para analisar a denúncia oferecida contra Adriana Luiza da Silva, acusada de interferir na cena da morte do ajudante Daniel Ricardo da Silva, com o objetivo de induzir ao erro o juiz e o perito do caso. A mulher é funcionária pública estadual, vinculada à PM. A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público em setembro.
Segundo a acusação, a vítima foi morta a tiros pelo coronel aposentado Dhaubian Braga Brauioto Barbosa, ex-companheiro de Adriana, que teria descoberto um relacionamento amoroso entre a vítima e a esposa na época.
O ofício encaminhado à Justiça pelo 9º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPM-I) solicita o fornecimento da senha processual para que possa ser analisado o teor da denúncia oferecida contra a policial militar.
O texto diz que “tendo em vista que se os fatos revelarem incapacidade ético-moral da policial militar em permanecer nas fileiras da instituição, esta autoridade Policial-Militar, deverá instaurar processo exoneratório em desfavor da Militar Estadual.”
Caso a PM identifique irregularidades na conduta da acusa, um processo de exoneração pode ser aberto. Ainda não houve resposta da Justiça quanto ao pedido.
DENÚNCIA
Segundo o apurado pelo MP, a denunciada é policial militar e era companheira do coronel aposentado, mas mantinha relacionamento com Silva.
A Promotoria diz que, logo depois de a vítima ser alvejada por disparos feitos por Dhaubian, que fugiu do local, Adriana teria ido até a cena do crime e retirado o celular de Silva da marcação feita pela perícia antes da devida arrecadação técnica.
Ao prestar declarações na Central de Polícia Judiciária (CPJ), a denunciada teria omitido o vínculo que possuía com o homem morto. Ela teria declarado apenas que havia contratado a vítima para gravar as conversas de Dhaubian, pois desconfiava que estava sendo traída.
No dia 12 de setembro, por meio de audiência virtual, o MP propôs uma confissão integral da conduta praticada por Adriana, prestação de serviços à comunidade pelo prazo de três meses e pagamento de prestação pecuniária no valor de um salário-mínimo.
A proposta foi rejeitada, com o caso dando continuidade e a ré sendo denunciada pelo artigo 342 “caput” do Código Penal, que fala em “fazer afirmação falsa ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial ou administrativo, inquérito policial ou em juízo arbitral.”
CRIME
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) ofereceu denúncia contra o coronel aposentado Dhaubian Braga Brauioto Barbosa, acusado de matar o ajudante Daniel Ricardo da Silva, de 37 anos, no dia 31 de outubro do ano passado, em um motel nas margens da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), na zona Norte de Marília.
Segundo consta na denúncia do MP, às 6h10 do dia do crime, Dhaubian matou a vítima. Foi apurado que alguns meses antes dos fatos, o coronel contratou Daniel para prestar serviços na própria empresa de construção civil e lhe cedeu moradia em um dos quartos do motel.
Conforme a denúncia, impelido por torpe sentimento de vingança, o acusado decidiu matar a vítima. Dhaubian foi até a sua residência – vizinha ao motel – pegou a arma do crime – não apreendida -, se apoderou também da arma de fogo de carga pessoal da companheira, que é policial militar, e foi até o estabelecimento, muito antes do horário habitual.
Dhaubian ficou nas proximidades do quarto de Daniel e permaneceu a sua espera. A vítima chegou ao local por volta das 6h e foi até suas acomodações – situação flagrada pelas câmeras de vigilância.
O coronel, segundo o MP, era exímio atirador, e surpreendeu a vítima quando ela se aproximava de seu quarto. Imediatamente, o acusado efetuou quatro disparos.
“Enquanto alvejava a vítima, que buscava se desvencilhar da execução, ainda recebeu apelo dela por sua vida, que o indagava sobre o motivo de assim estar agindo. Na sequência, a vítima veio a solo e, na sequência, a óbito”, diz a denúncia.
Dhaubian então fugiu, e a PM foi acionada apenas horas após o crime, onde já se encontravam as testemunhas e o genitor do coronel, que prontamente apresentou a falsa versão de legítima defesa.