Eleição coloca em jogo apoio político e recursos para Marília e região
Neste domingo (2), o Brasil escolhe presidente, governadores, senadores, deputados estaduais e federais para os próximos quatro anos. Para Marília, especialmente, o pleito pode mudar os rumos da cidade. A relação do município passa em particular por dois candidatos ao governo do Estado, Rodrigo Garcia (PSDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Mas o que está realmente em jogo?
Atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia tenta ir para o segundo turno na disputa. Em Marília, ele é apoiado pelo deputado estadual Vinicius Camarinha (PSDB), que também tenta a reeleição. Uma eventual derrota nas urnas do mandatário paulista pode significar inúmeras mudanças na cidade.
No governo do Estado desde 1995, o partido tucano é responsável por todos os órgãos estaduais com sede regional em Marília. Com a mudança no jogo de xadrez, uma das principais alterações pode ser na área da Saúde.
Alguns cargos são estratégicos para os políticos, pois garantem grande apoio, facilitando o trabalho e mantendo certo controle de determinadas áreas.
Segundo dados do Portal da Transparência do Estado de São Paulo, no dia 31 de dezembro do ano passado, apenas o Hospital das Clínicas (HC) de Marília possuía 83 cargos comissionados preenchidos, incluindo o de superintendente, ocupado pela médica Paloma Libânio.
Se Garcia não se reeleger, é provável que ocorra uma mudança na direção do Hospital das Clínicas e, consequentemente, nos demais cargos de confiança da instituição de saúde. Hoje, o hospital está sob influência direta de Vinicius, que o usa como sua principal bandeira nas conquistas para a área.
Uma troca no comando do Estado de São Paulo também pode afetar a Faculdade de Medicina de Marília (Famema), que tem sido alvo de críticas dos estudantes dos cursos de Enfermagem e Medicina. O Departamento Regional de Saúde (DRS) 9 é outro que pode passar por mudanças, caso Fernando Haddad (PT) ou Tarcísio de Freitas ganhem a eleição para governador.
Nos bastidores políticos, a reeleição de Garcia é considerada ruim para o atual prefeito Daniel Alonso, que recentemente deixou o PSDB e se filiou ao PL, partido da filha Dani Alonso, também candidata a deputada estadual.
Daniel foi o primeiro prefeito de uma cidade importante do interior paulista a romper com Garcia e declarar apoio público a Tarcísio. O gesto foi considerado simbólico, tendo em vista que um dos pilares da campanha do atual governador é justamente a aliança com grande parte dos prefeitos do Estado. A aposta política pode render bons ou maus frutos para Alonso.
O melhor dos mundos para o prefeito é a vitória de Tarcísio e Dani em seus respectivos cargos. Neste cenário, a Prefeitura de Marília ganha um forte apoio político e provavelmente investimentos mais vultosos, ao menos nos próximos dois anos que restam no mandato de Daniel.
Dani Alonso, se eleita juntamente com Tarcísio, também ganha importância no contexto estadual. A empresária tem acesso direto ao candidato preferido por Jair Bolsonaro e seu poder de articulação se expande.
Já a vitória de Garcia deve ser um baque para o prefeito de Marília. Por mais que não admita que fará retaliações políticas, as áreas sob influência da Prefeitura devem ser deixadas de lado.
Com Rodrigo se mantendo no cargo, Vinicius, que deve ser eleito, é quem se fortalece ainda mais. Suas áreas de influência, como Saúde, infraestrutura e Educação, podem ganhar atenção do Palácio dos Bandeirantes.
Atual líder do governo, Camarinha pode inclusive disputar o cargo de presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), posição que o tornaria o deputado mais importante e influente do Estado. Isso, é claro, com Garcia eleito e sua vaga na Alesp garantida.
O pior cenário na disputa estadual para Marília seria a eleição do petista Fernand Haddad. Em tese, a cidade ficaria sem representatividade junto ao Governo do Estado e isso consequentemente deve diminuir os investimentos.
Em âmbito nacional, o segundo turno deve mesmo ser disputado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). A vitória de Lula, assim como no caso de Haddad, se mostra desvantajosa para o município, que fica sem conexões fortes em Brasília.
Com Bolsonaro reeleito, Marília provavelmente terá mais acesso a recursos, levando em conta a influência do deputado federal e candidato à reeleição Capitão Augusto (PL). O policial militar reformado deve garantir a vaga no Congresso com boa votação e hoje tem laços fortes tanto com Dani Alonso quanto com o prefeito Daniel.
Também candidato à Câmara dos Deputados, Walter Ioshi é outro com bom trânsito na capital federal e que pode ajudar caso escolhido pela população.
Independente da ideologia e de quem for escolhido, o que está claro para todos os eleitores de Marília e região é que o voto deve ser para fortalecer a própria influência. Por isso, grande parte dos votos, principalmente para os cargos de deputado federal e estadual, devem ser destinados a candidatos locais, pessoas que se comprometem com sua população e podem ser cobrados – caso eleitos.