‘Falavam que iam me matar’, diz vítima de sequestro
O candidato a deputado estadual pelo partido Solidariedade, Thiago Zani, de 43 anos, conversou com o Marília Notícia e contou detalhes do sequestro que sofreu em São Paulo, Capital, de terça-feira (6) para quarta-feira (7).
Zani disse que recentemente havia feito uma postagem nas redes sociais para que as pessoas que quisessem se engajar voluntariamente na campanha, passassem o número de WhatsApp para que fosse enviado material eleitoral.
“Várias pessoas mandaram e uma delas disse que precisava de adesivo e panfleto. Ela ficou uns dois ou três dias mandando mensagem. Era a foto de uma senhora que aparentava ter uns 50 anos. Ela fez postagens da minha campanha no status dela”, explicou o candidato.
A vítima estava em São Paulo participando da gravação de um podcast e essa suposta senhora enviou a localização para que Zani levasse o material de campanha.
“Como eu estava indo para a região de Guarulhos, vi que era caminho e falei que levava o material. Eu disse: ‘me espera aí na frente da sua casa que estou indo, quando chegar aviso'”, contou o mariliense.
Zani relata que quando chegava perto do endereço mandou uma mensagem. Na esquina da localização havia uma pessoa passando na rua.
“Quando percebi, um dos indivíduos veio armado de um lado e mais dois do outro. Os três armados mandaram eu sair e pular para a parte de trás do banco do carro. Eles ficaram rodando uns 20 minutos. Me levaram para um pontilhão em cima da Rodovia dos Bandeirantes e me colocaram dentro de uma espécie de casinha de cachorro, onde fiquei mantido por quatro horas”, conta.
Os criminosos fizeram tortura psicológica com Zani. “‘Abriram uma cova na minha frente, falando que iriam me matar. Me batiam com o cabo da enxada”.
Segundo a vítima, os bandidos queriam as contas da campanha. “Eu passei tudo e falei para eles que não tinha dinheiro de campanha, que o partido não mandava, que não era assim que funcionava. Mas eles não acreditavam. Toda hora eles queriam um milhão da campanha, queriam o valor da campanha. Eu passei todas as minhas contas particulares e da campanha. Eles entraram, viram que não tinha nada e falaram que iam me matar”, lembra.
Pouco depois Zani foi transferido para outro local. “Me jogaram dentro do meu carro e me transferiram para um outro local. Já eram outras três pessoas, diferentes das primeiras. Esse novo cativeiro era dentro de uma favela. Me jogaram lá dentro de um barraco, onde fiquei mais quatro horas”.
Conforme o relato, a cada 20 minutos aproximadamente, os bandidos iam até a vítima pedindo novamente as senhas de supostas outras contas bancárias. Os criminosos não acreditavam que o mariliense já tinha lhes passado tudo e afirmavam estarem sendo enganados.
“Eu já tinha passado tudo. Eles falavam que eu estava enganando e por isso iria morrer. Falavam que eu era candidato, que tinha dinheiro, que sabiam da minha vida”, desabafa.
O tempo foi passando e Zani decidiu adotar uma estratégia para tentar ser libertado. “Fui falando para eles que estava passando mal. Que tinha marca-passo, que ia morrer, para ver se eles me soltavam. Aí o dono do barraco falou com um dos chefes que era para me soltar. Isso era 4h30 da manhã. Eles me levaram para o meu carro e começaram a rodar comigo de novo. Eu estava agachado atrás do banco, com eles me pisando”.
Em certo momento, os bandidos pararam o carro em um local afastado da cidade e falaram para para a vítima correr.
“Um deles falou ‘corre que a gente vai matar você’. Eu sai correndo no meio do mato e cai. Nessa hora pensei ‘eles vão me matar’. Aí como cai, fiquei abaixado, e eles fugiram com o carro em alta velocidade”.
Zani conta que em seguida conseguiu fazer sinal e parar um dos carros que estava passando no local. Era um motorista de aplicativo, que socorreu o candidato e o levou até uma área residencial, onde a polícia foi acionada.
“A hora que a polícia chegou, falei ‘consigo chegar no local do primeiro cativeiro’, que era na Rodovia dos Bandeirantes, eu marquei o lugar. Voltamos lá com a polícia e a hora que chegamos, o cara estava lá, o cara que estava me ameaçando. O cara estava lá dormindo. A polícia prendeu ele. Ele ainda chegou a falar ‘é por causa do deputado? é por causa do deputado?’, meio que confessando”, explica.
Em seguida, de acordo com a vítima, um outro motorista passou no local alertando os policiais que havia um carro pegando fogo próximo dali.
“A gente foi até lá e era o meu carro. Eles colocaram fogo no meu carro. Queimou toda a parte de dentro. Eu fui encaminhado para a delegacia e chegando lá me informaram que dois dias antes, no mesmo local onde eles me soltaram, um empresário de 30 anos tinha sido executado. Foi um crime premeditado e acabei caindo nesse golpe”, finaliza Zani.