Magreza acentuada e obesidade grave têm alta em Marília
Marília teve redução na procura por atendimentos nutricionais para usuários entre cinco e dez anos de idade, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados constam na base de dados do Sistema de Vigilância Alimentar (Sisvan), do Ministério da Saúde.
Em 2021, na comparação com o ano anterior, a queda foi de 14,9%. Com menos atendidos, houve redução nos números totais de casos de obesidade infantil, sobrepeso e magreza, mas aumento em obesidade grave e magreza acentuada.
Os dados – divulgados em número absoluto e em porcentagens – foram disponibilizados pelo site “Fiquem Sabendo”, agência de dados especializada no acesso a informações públicas.
A classificação dos dados de Índice de Massa Corporal (IMC) é dividida em magreza acentuada, magreza, eutrofia (nutrição de boa qualidade), sobrepeso, obesidade e obesidade grave para as crianças de cinco a dez anos.
O auge dos atendimentos foi em 2018, com 2.743 pacientes. Em 2019 foram 2.336, caindo para 1.056 em 2020 e 899 no ano passado. A redução na procura por atendimentos nutricionais para as crianças pelo SUS, comparando os anos de 2020 e 2021, foi de 14,9%.
Foram 59 casos de magreza em 2018 e 2019, com 29 casos em 2020 e 24 no ano passado. Como o número total de pacientes foi menor, nos últimos anos, o percentual de atendidos integrantes dessa classificação variou de 2,15% em 2018; 2,53% em 2019; 2,75% em 2020; e 2,67% em 2021.
Os pacientes com eutrofia, que apresentam boa qualidade nutricional, totalizaram 1.611 (58,73%) em 2018; 1.410 (60,36%) em 2019; 605 (57,29%) em 2020 e 478 (53,17%) em 2021. Os pacientes com sobrepeso passaram de 525 (19,14%) em 2018; para 384 (16,44%) em 2019; 181 (17,14%) em 2020 e 138 (15,35%) em 2021.
Houve redução nos números totais de obesidade entre crianças na faixa etária dos cinco aos dez anos de idade. Elas eram 309 (11,27%) em 2018; 261 (11,17%) em 2019; 141 (13,35%) em 2020; e 132 (14,68%) em 2021.
Os dados revelam maior preocupação com casos de magreza acentuada e obesidade grave. Apesar de ter um número total menor de atendidos, no último ano os muito magros aumentaram. Foram 25 casos (0,91%) em 2018; 26 (1,11%) em 2019; 11 (1,04%) em 2020 e 18 (2%) em 2021. Os casos de obesidade grave passaram de 214 (7,8%) em 2018; para 196 (8,39%) em 2019; 89 (8,43%) em 2020 e 109 (12,12%) em 2021.
TRATAMENTO DA OBESIDADE EM MARÍLIA
O Centro de Atendimento a Obesidade Infantil de Marília (Caoim) atende crianças e adultos classificados com obesidade. A médica Camila Martins Paredes explica que a primeira experiência foi com crianças, mas há alguns anos também atendem o público maior de idade que enfrenta o excesso de peso.
“Temos percebido uma conscientização maior das famílias sobre alimentação saudável e a importância da prática de atividades físicas. A divulgação feita pela imprensa sobre o nosso trabalho também é fundamental para conhecimento das pessoas”, afirma a médica.
Todo início de semestre os profissionais do Caoim selecionam os pacientes, que são encaminhados pelos Postos de Saúde ou pelo Programa Saúde na Escola (PSE), sendo possível identificar a obesidade infantil. Elas são convidadas a participarem das atividades do Caoim do semestre seguinte.
“Nosso objetivo é detectar a obesidade na fase mais inicial possível, pois sabemos que quanto mais precoce o diagnóstico, melhor é o tratamento. Não apenas na melhora dos resultados, mas também conseguimos reduzir muito o impacto na saúde dessa criança, com menor risco de desenvolver diabetes, dislepidemia ou síndrome metabólica”, conta Camila.
A médica explica que as crianças chegam ao Caoim muitas vezes com pré-diabetes ou com síndrome metabólica. Com o tratamento precoce, os níveis nos exames colhidos melhoram e elas conseguem sair da faixa de obesidade.
“A obesidade é uma doença e temos que mudar os nossos olhos. Ao enxergar uma criança acima do peso, temos que ver que ela está em uma condição de doença e que pode levar a outras patologias”, diz a médica.
O Caoim é um centro multidisciplinar, que funciona na rua Nove de Julho, 395. O serviço conta com uma médica, duas enfermeiras, dois fisioterapeutas, dois educadores físicos, uma psicóloga, duas nutricionistas e outros profissionais que atuam no atendimento.