Falta de pediatra afeta serviços de saúde em Marília
Os pais de Marília que procuram por atendimento pediátrico para os filhos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) têm encontrado bastante dificuldade. Isso porque, dada a complexidade do serviço, há falta de profissionais nas unidades de saúde e nos prontos atendimentos, como PA e UPA.
Aos fins de semana, período em que a procura apresenta crescimento, os postos de saúde não funcionam e a demanda acaba sendo direcionada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da zona Norte e ao Pronto Atendimento (PA) da Zona Sul, que estão sem profissionais. Sem conseguir absorver a carência, os casos têm ido parar no Hospital Materno Infantil (HMI), referência em média e alta complexidade para os municípios da região de Marília, que atende exclusivamente com encaminhamento.
“Em apenas 12 horas, oito pessoas procuraram por atendimento de pediatria em casos que deveriam ser atendidos na UPA ou no PA. Somos referência para 62 municípios e não temos como atender todos os casos. No sábado (2), também tínhamos só um pediatra”, conta uma funcionária do hospital que prefere não se identificar.
Segundo a profissional da saúde, a falta de pediatras é geral e tem ocorrido em todo o país. Há dificuldade em encontrar profissionais que queiram fazer plantão por conta do aumento da demanda e complexidade dos casos.
“Está faltando tanto profissional que, em Bauru, estão oferecendo quase o triplo de remuneração para o pediatra. Tupã também está tomando alguma medida. Alguma coisa precisa ser feita em Marília também”, clama.
A situação tem gerado sobrecarga e transtorno nos locais onde há atendimento. “Temos enfrentado muitos problemas, porque quem chega lá quer ser atendido. Estamos referenciando os pacientes na porta, atendemos os casos mais graves e encaminhamos os outros. Mas as pessoas não entendem, já tivemos casos de agressão, de briga”, lembra a funcionária do HMI.
OUTRO LADO
Em nota, a Prefeitura de Marília informou que houve aumento significativo da procura de crianças com sintomas respiratórios pelos serviços de saúde desde abril, considerando a sazonalidade das doenças respiratórias e a reinserção das crianças em ambientes coletivos após o período de restrição pandêmica.
Sobre a Rede de Atenção Primária, a administração aponta que Marília conta com atuação de 12 profissionais pediatras, com carga horária de 15h ou 30h semanais. O quadro de pediatras da rede municipal ainda conta com outros quatro profissionais, que atuam em ambulatórios de especialidades e equipe técnica da Secretaria Municipal da Saúde. O horário de funcionamento de todas as unidades de saúde de atenção primária é das 7h às 17h.
Quanto ao atendimento pediátrico na UPA e no PA, a Prefeitura informou que está “enfrentando um aumento sazonal de demanda de pediatria por casos respiratórios e existe falta de profissionais. O secretário da saúde tem um planejamento junto a urgência da cidade, de reestruturação em várias frentes que se inicia na atenção básica, passa pelos pronto atendimentos, contempla o aumento de leitos no setor hospitalar, e termina na ampliação de exames diagnósticos. Tudo isso para sanar a dificuldade da população nessa fase difícil”.
O Marília Notícia também procurou a direção da UPA para explicações sobre a situação, mas não houve resposta até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para posicionamento.