Professor da Unesp de Bauru é acusado de assédio
Cartazes com protesto contra a conduta de um professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru (distante 110 quilômetros de Marília) denunciam supostos casos de assédio sexual. Supostos prints das conversas foram expostos nesta sexta-feira (1º) no campus da faculdade.
Nos cartazes foram divulgadas imagens que mostram supostas conversas de conotação sexual que seriam entre o professor Marcelo Magalhães Bulhões, do departamento de Ciências Humanas, e uma estudante.
Uma das mensagens que teria sido enviada pelo professor diz “a verdade é que nosso desejo não passa.”
Em outro trecho é possível ver que o docente teria utilizado o e-mail da universidade para contatar uma das alunas.
Os cartazes foram retirados do campus por uma equipe de segurança da instituição. Essa não é a primeira vez que o professor é denunciado.
Em 2017, segundo a Unesp, foi instaurada uma apuração preliminar na instituição para investigar queixas de assédio contra o docente.
Na época, foi instaurada uma sindicância administrativa, que foi finalizada em 2018. Conforme a Unesp, a comissão indicou o arquivamento dos autos com recomendações, tais como instauração de mecanismos para fomentar medidas educativas e elucidativas sobre assédio.
O caso mais recente tem repercutido nas redes sociais e novas denúncias têm surgido. Uma petição criada está coletando assinaturas on-line pedindo a exoneração do professor. Até a publicação desta reportagem mais de 5,3 mil pessoas já tinham assinado.
Nota da Unesp afirma “que não medirá esforços para colaborar com as soluções de qualquer fato oficialmente demandado, tomando as medidas cabíveis, seguindo os protocolos administrativos com ética, responsabilidade e transparência”. O caso será investigado pela instituição.
O professor citado também divulgou comunicado. Veja abaixo na íntegra:
“Foi com estarrecimento que fiquei sabendo que cartazes foram afixados no campus com teor acusatório a mim. Estou ainda chocado. De modo semelhante, foi com enorme e desagradável surpresa que em 2019, em postagem no Facebook, recebi uma acusação de assédio. Naquela altura, ao tomar conhecimento que um coletivo da Unesp havia feito acusações com esse teor, solicitei uma reunião com o grupo de alunas. Elas recusaram o diálogo. Solicitei essa reunião por, naquela altura, estar totalmente perplexo diante das acusações. Uma comissão de sindicância foi, então, constituída pela FAAC – Unesp. Após um processo de investigação, o arquivamento do processo se fez precisamente por afiançar que nenhuma ação do teor de assédio foi por mim cometida. No curso do processo, aliás, recebi depoimentos de incondicional apoio e elogio ao meu profissionalismo, escrito por dezenas de alunas que foram minhas orientandas (mestrado, doutorado e iniciação científica). Portanto, só posso afirmar que estou absolutamente estarrecido diante de uma situação que julgo absurda. Os cartazes, aliás, foram anonimamente forjados e afixados no campus. Sou docente da Unesp desde 1994, ou seja, trata-se de 28 anos de trabalho em sala de aula, tendo atuado ao lado de milhares de alunos, sem que qualquer mínimo indício concreto do que se pode ser classificado como assédio possa ser apontado. Atingem-me do modo mais vil. Entendo que legítimas e importantes demandas da atualidade – luta contra o racismo, movimento feminista – têm produzido uma mobilização de empatia diante de causas importantes. Nesse caso, todavia, estou sendo vítima de calúnia, cuja propagação em tempos digitais é implacável.”