Ex-policial acusado de execução vai a júri na região
A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e tornou réu Alexandre David Zanete. O ex-policial vai passar pelo Tribunal do Júri pela morte de Murilo Henrique Junqueira, de 26 anos. A ação flagrada por uma câmera de segurança foi registrada em um terreno baldio de Ourinhos (distante 95 quilômetros de Marília), em setembro do ano passado.
O despacho é da juíza Renata Ferreira dos Santos Carvalho, da 2ª Vara Criminal de Ourinhos e foi assinado no dia 14 de junho.
“Pelo que emerge dos autos, e tendo em vista que o juízo inicial formulado na decisão de pronúncia deve ser de prelibação sumária, observo que o feito deve ser levado à apreciação do Tribunal do Júri. A tese de legítima defesa, apresentada pelo denunciado, não deve ser admitida, pelo menos neste momento, já que a Constituição Federal atribui a competência para julgar os crimes dolosos contra a vida ao Tribunal do Júri e a exclusão dessa competência somente pode ser feita em casos excepcionais”, escreve a magistrada.
O documento aponta que durante o interrogatório em cenário judicial, o acusado narrou ter agido de modo regular, ressaltando que a vítima se tratava de um criminoso de alta periculosidade, há muito tempo procurado pela Justiça.
No processo, Zanete afirmou ainda que as filmagens registradas em câmeras de segurança instaladas próximas ao local não mostraram os fatos sob o seu ângulo, de modo que apenas tentou se defender, pois Murilo estava armado.
Zanete e o outro policial envolvido no caso, João Paulo Herrera de Campos, foram expulsos da Polícia Militar no final de maio.
ENTENDA
Imagens de uma câmera de monitoramento mostram o momento em que Murilo se entrega com as mãos para cima, sem esboçar qualquer resistência. Mesmo assim, ele acabou sendo morto a tiros por Zanete.
Os dois policiais chegaram a ser presos durante a fase de inquérito, mas foram soltos por decisões judiciais.
A Justiça determinou, em março, a revogação da prisão preventiva do ex-policial. No mesmo mês, promotoria e defesa apresentaram as alegações finais.
Apenas Zanete acabou denunciado pelo MP-SP por homicídio qualificado. A promotoria não apontou Campos como investigado pelo homicídio, apesar de eventual responsabilidade por fraude processual, por suspeita de alteração da cena do crime.