Marilienses destacam ‘Dia do Beijo’ e os significados do gesto
Para algumas pessoas, pode ser mais íntimo que uma relação sexual. Os significados são os mais variados e vão da entrega ao respeito, passando pelo bem-querer. Em todas as culturas, o contato entre os lábios é tão importante que tem até uma data dedicada no calendário: 13 de abril, Dia Mundial do Beijo.
Juntos há oito anos, casados há seis, os empresários Carlos e Fernanda Viana acreditam que a palavra conexão seja uma boa definição. O gesto, para ela, reafirma uma associação de propósitos emocionais.
“O beijo é importante para a manutenção do relacionamento, uma forma de demonstrar carinho e cuidado. Você pode amar e não poder beijar por algum motivo, mas deve ser difícil beijar sem amor”, afirma a mulher, que administra um sex shop.
Resistir às armadilhas da rotina fica mais fácil, quando há abertura para o afeto. “Muitas pessoas acreditam que o amor e o desejo são espontâneos no relacionamento, mas depois de um tempo, a rotina acaba sendo inevitável. O beijo seria como um fósforo – está ali disponível, mas se você não riscar, não vai pegar fogo, entende? Então é um gesto que faz toda a diferença”, exemplifica o empresário.
O casal já conhecia a data – até pelo ramo de negócio em que atua – e afirma que encontrou satisfação no trabalho há cinco anos, quando decidiram passar a ajudar outras pessoas em seus relacionamentos, através dos produtos que comercializam.
Na loja, em casa, no escritório nas operações de e-commerce, estão juntos 24 horas por dia. “Muitas vezes a gente dá uma parada no trabalho para dar aquele abraço e beijo carinhoso. Isso faz muita diferença. Uma pausa para namorar no meio do expediente dá uma revigorada no dia. De quebra, sinaliza que mais tarde, pode ficar melhor”, brinca a Fernanda.
Mas trabalhar em ambiente tão estimulante, com a pessoa escolhida para amar e dividir a vida, não é privilégio da maioria. Beijoqueiros confessos, o auxiliar administrativo de obras Maycon da Silva Gonzaga, de 27 anos, e a esposa, a técnica em nutrição Ester dos Reis Gonzaga, de 25, veem o beijo como instrumento de reconquista diária.
“Mostra o quanto nosso amor ainda está vivo e latente um pelo outro. É uma forma de preservar nossa intimidade, nossa proximidade”, disse o rapaz. “Eu acho que é uma forma de comunicação. A gente acaba sinalizando [com o beijo] o nosso próprio estado emocional, se está feliz, se está precisando de mais afago”, completa a jovem.
INDISPENSÁVEL
A psicóloga Ana Cristina da Silva é terapeuta de casais. Especialista em sexualidade humana, trabalha com foco no bem-estar, visando saúde mental e equilíbrio nos relacionamentos. Ela explica que a tão mencionada “química”, envolvida nos primeiros beijos, é realidade e faz toda diferença.
“Eu sempre digo que é o termômetro da relação. Se não esquentar na hora as que estas duas pessoas se beijam, se não existir essa ligação em uma experiência agradável, dificilmente essa relação vai progredir”, afirma a terapeuta.
A especialista lembra que existe uma infinidade de tipos de beijo. Do selinho, que pode ser superficial ou banal, ao “beijo que diz eu te amo, te quero”. Outros, são um convite a aprofundar a intimidade e mostram o quanto se está disponível um para o outro.
Para a mulher, explica Ana Cristina, o contato nos lábios é indispensável nas preliminares que preparam o corpo para a relação sexual. “A mulher que está sendo vista, valorizada apenas da pélvis para baixo, vai ficar sem lubrificação. Essa secura pode ser consequência direta da falta de estímulos”, explica.
Por outro lado, os homens devem tomar cuidado para que seus beijos não sejam sinalizadores de apetite sexual. A terapeuta lembra que a mulher – e em muitos casos também seus parceiros – podem ter a expectativa de ganhar um carinho sem, necessariamente, terminar em relação sexual.
“Quando ela só recebe beijos no dia e na hora que o companheiro quer sexo, pode ser um problema, porque aí já vai pensar: ‘ele só está me beijando com segundas intenções’. Pode ser bem frustrante. Ela vai se sentir emocionalmente fragilizada nessa relação. O fato de ser desejada, não significa ser amada, ser querida, protegida. Vale namorar, sem ter, necessariamente, uma relação sexual”, alerta.
A terapeuta relata que já atendeu casais que perderam a intimidade, deixaram de se beijar, por problemas absolutamente tratáveis.
“Atendi casais que continuavam se amando, mas não se beijavam mais. O marido estava com problemas gástricos, sentia-se constrangido com o mal hálito, mas não buscava ajuda. Havia amor, mas não havia beijos e por consequência, o sexo esfriou. É tudo uma questão de diálogo”, ensina.
Para a terapeuta, há motivos para preocupação em quem vive de “bitocas” e selinhos. “Isso pode significar que algo não vai bem. Relacionamento exige dedicação e troca. O beijo é um dos principais símbolos deste envolvimento”, define a profissional, que ajuda casais no consultório e também na loja de artigos para apimentar a relação.