Clássico tem triunfo do MAC, retrospecto pró-Norusca e ‘seca rival’
Com os amistosos na conta, o Marília Atlético Clube (MAC) e o Noroeste baterão a marca – neste sábado (9) – de 100 jogos disputados na história dos dois clubes. São 85 partidas oficiais, em diferentes competições.
Seja qual for a contabilidade do clássico [com ou sem os amistosos], o denominador comum entre o Tigrão e a locomotiva é a rivalidade. No final, o resultado da equação é o desejo de superar o arquirrival.
E, por falar em números, uma das “enciclopédias maqueanas” é o contador aposentado Orisvaldo Quiquinato, de 66 anos. Desde garoto, ele torce pelo clube.
Do alto de sua experiência – tanto de vida como de torcedor –, o maqueano já sentiu as dores e as alegrias de roer as unhas por causa do time do coração. Quiquinato é também um colecionador de recortes e jornais, camisetas e lembranças do time.
“Me considero mariliense porque cheguei aqui com três anos e não tenho memória de outro lugar. Naquele tempo ainda havia o São Bento, que praticamente revezava com o MAC, ora um, ora outro no profissional”, conta.
Em 1970, o Noroeste subiu para a elite do futebol paulista, na época chamada de Especial. No ano seguinte foi a vez do Tigrão sentir o mesmo gostinho. Na mesma semana da ascensão, o clássico foi “reinaugurado”.
AS ALEGRIAS
“Era o MAC e o Noroeste no topo do Estado, junto com os grandes clubes, se enfrentando no melhor jogo que já se viu. Foi ali que a rivalidade nasceu de verdade; mostramos a nossa superioridade histórica, que a cada clássico tem que ser defendida”, lembra Quiquinato.
A gênese da superioridade, defendida pelo contador mariliense, está no placar de 3×2 que o Tigrão impôs ao adversário. A Maquininha ‘descarrilou’ quando o Marília virou uma partida que estava perdendo por 2×0.
É claro que o retrospecto atual, que aponta pequena vantagem para o time de Bauru, com 38 vitórias, contra 35 do Alviceleste, traz o Norusca de volta para os trilhos e faz crer que nunca haverá partida fácil. Mas o “gostinho da vitória”, naquele dia de glória do MAC, ainda pode ser sentido pelo torcedor veterano.
AS DORES
E como esquecer o dia em que “o mar invadiu” o Estádio Alfredo de Castilho, casa do arquirrival. Em disputa estava a fuga do rebaixamento, em 1979. O Tigrão precisava escolher um campo neutro. Achou que estaria seguro em Bauru. Ledo engano.
A carreata – com incontáveis ônibus – de maqueanos encontrou poucos torcedores do adversário Santo André no estádio. A multidão azul predominou, mas a grande mancha vermelha nas arquibancadas não era um bom sinal.
“Teve briga e borrachada da polícia. Eu só estava tentando me proteger, sair do meio da confusão o mais rápido possível. Mas tomei umas cacetadas, que nem vi a cor da farda. Foi só correria. A torcida do Noroeste foi lá só pra torcer contra”, recorda.
Em campo, o MAC conseguiu vencer e se manteve na Divisão Especial. “As cassetadas doeram bastante, mas voltamos felizes. O Marília não caiu, não adiantou irem lá secar. Foi lindo demais ver aquela invasão maqueana, repercutiu muito na imprensa”, relembra o contador.
INFLUÊNCIA
Na definição de Orisvaldo Quiquinato – que faz parte da diretoria do clube -, até nas dores, o Marília consegui dar alegrias. Aliás, os resultados do Tigrão dentro de campo se refletiram além dele.
“Na campanha que teve o primeiro clássico, Pedro Sola era presidente do Tigrão e vereador. Aquilo funcionou tanto como vitrine para ele, que acabou sendo eleito prefeito”, associa.
Em um artigo recuperado pelo torcedor, é possível perceber a empolgação na cidade. “Vitória do MAC é início de nova era, diz Lourenço Senne”. Na publicação, o então presidente da Câmara Municipal previa consolidação de conquistas, como a construção de um viaduto e a implantação da Divisão Administrativa do Estado.
“Ainda nos dias de hoje futebol é associado com desenvolvimento, prosperidade. Por isso, faz muito sentido que duas cidades que são polos, influentes, rivalizem”, explica o contador maqueno, que tem lugar reservado para a partida deste sábado.
PRÓXIMOS CLÁSSICOS
A bola rola no Estádio Bento de Abreu Sampaio Vidal às 19h30, neste sábado (9). Em uma semana, as equipes se reencontram, no Estádio Alfredo de Castilho, às 16h.
Ambos os times estão sob pressão, com apenas um ponto ganho nesta fase do Campeonato Paulista Série A3.