Mariliense compartilha vida com o filho autista e inspira
Há poucos meses, ouvir o filho pela primeira vez dizer uma frase completa encheu de emoção a gerente de marketing Thayná Rodrigues Oliveira, de 27 anos. Rafael tem cinco e ainda não havia completado dois, quando foi diagnosticado com autismo. A mãe teve que passar por cima da dor para ajudá-lo a se desenvolver. Hoje eles já ajudam outras famílias, através das redes sociais.
A conta @autismo.mais no Instagram tem 17,8 mil seguidores, muitos deles longe de Marília. Lá, Thayná compartilha o dia a dia, as vitórias de Rafa, o conhecimento que adquire com profissionais especializados e, principalmente, as experiências de mãe.
No mês dedicado à conscientização sobre a vida com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a gerente de marketing destacou ao Marília Notícia a importância da informação, do diagnóstico precoce, do tratamento especializado e dos estímulos, que são potencializados pelo amor.
Neste sábado (2) é celebrado o Dia Mundial do Autismo, data que visa conscientizar a população sobre o transtorno no desenvolvimento do cérebro que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo.
“Quando fiz o Insta, estava muito mal, muito angustiada com tudo que estava acontecendo. E tive a ideia de ajudar outras pessoas. Meu intuito foi promover a esperança”, conta.
A mãe conta que começou a observar o desenvolvimento e o comportamento do filho e percebeu que crianças da idade dele já possuíam certas habilidades, mas Rafa ainda não. “O primeiro passo foi levar no Espaço Potencial. Lá deram o primeiro parecer de que poderia ser autismo”, relata.
Dois médicos, em suas primeiras consultas deram o diagnóstico. A negação, um comportamento que é bastante comum entre pais e familiares, não foi o caso de Thayná. “Eu aceitei. É isso e vamos batalhar. O autismo não tem cura, tem tratamento. Se você não agir de forma precoce, a criança vai ser a mais prejudicada”, explica.
O acompanhamento especializado, o amor da mãe e busca dos melhores recursos geraram a evolução de Rafael. Embora não tenha a comunicação intraverbal, em que poderia, por exemplo, responder a perguntas da mãe, o menino se comunica, manifesta suas vontades e emoções, para alegria de Thayná.
Os vídeos com altas doses de ternura encantam internautas e geram transformações. “Já recebi muitos relatos de pais que não aceitam o diagnóstico do autismo. Outros que aprenderam a aceitar e se inspiram na nossa história, gente que procura razões para continuar tendo esperança. Já li muitos comentários do tipo: ‘não vejo a hora do meu filho fazer isso também’. Isso é motivador para eu continuar postando, porque o Rafa inspira”, conta a gerente de marketing.
Para Thayná, a informação pode gerar compreensão. Em uma fila de supermercado, por exemplo, é comum olhares de desconfiança porque a mãe de uma criança autista está em fila preferencial ou mesmo o motivo de um comportamento inadequado ou repetitivo.
“A pessoa pode olhar e pensar; ‘nossa, que criança mal educada, fazendo birra. Que coisa feia’. É um olhar de julgamento, de reprova aos pais. Mas se a população em geral tiver mais conhecimento de que pode ser uma criança com autismo, que não entende e não reage ao que é falado pelo adulto, essa visão pode mudar”, acredita.
POTENCIAL
Em Marília funciona a Associação de Pais e Amigos do Autista – Espaço Potencial. A organização filantrópica foi fundada em 2009. A iniciativa foi de um grupo de pais de crianças e jovens autistas, juntamente com profissionais voluntários.
A deia foi criar um serviço para oferecer tratamento adequado aos seus filhos, que já haviam passado por diversas instituições educacionais, sem o apoio pedagógico especializado.
O Espaço Potencial funciona na rua Beline Marconato, 300, Prolongamento Palmital. Mais informações pelo site www.espacopotencial.org.br.