Polícia pede mais prazo para concluir inquérito contra Nascimento
A Polícia Civil de Marília pediu a prorrogação do inquérito que apura suposto crime de extorsão contra o prefeito Daniel Alonso (PSDB).
A investigação tem como alvo o vereador Eduardo Nascimento, que está em processo de desligamento da sigla, sob risco de perder a cadeira na Câmara Municipal.
O vereador foi ouvido na Delegacia Seccional de Polícia Civil na última quarta-feira (16). Na sexta (18), o delegado responsável pelo inquérito, Mário Furlaneto Neto, encaminhou à Justiça um pedido para que o prazo para concluir a investigação seja prorrogado.
Decisão será da juíza da 1ª Vara Criminal, Josiane Patricia Cabrini Martins Machado. É o segundo pedido de dilação [extensão] do tempo de apuração.
Em depoimento à Polícia Civil em fevereiro, Alonso confirmou que Nascimento cobrou R$ 230 mil por apoio e votos na Câmara de Marília. Uma possível mensagem de texto em que o parlamentar faz o pedido consta na denúncia.
O valor teria sido gasto na campanha que elegeu o ex-secretário de Esportes [primeira gestão de Alonso] para o mandato ao qual está eleito 2021/24, no Legislativo. A mensagem com o pedido de dinheiro, pelo apoio, teria sido enviada ao assessor especial Alysson Alex de Souza e Silva.
“Eu já te disse meu mandato custou, se vcs (sic) quiserem meu apoio e voto vão ter que me pagar”, teria escrito Nascimento no texto, segundo o print anexado ao inquérito. “Gastei 230 mil na campanha, manda o Daniel paga (sic).”
O texto atribuído a Nascimento difere de informações públicas existentes no portal de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais (DivulgaCand), mantido pela Justiça Eleitoral. A declaração do então candidato aponta que a campanha de Nascimento arrecadou R$ 45,8 mil e teve despesas que totalizaram R$ 31,6 mil.
No interrogatório de quarta, o vereador disse que os prints do aplicativo de mensagens seriam montagem ‘toscamente’ feita para prejudicá-lo. O parlamentar negou que tenha enviado a mensagem a Alysson ou qualquer outra pessoa.
Nascimento alega ainda que está sendo perseguido e pediu a juntada [anexação] de um pen drive com dois arquivos de mídia.
Em uma das gravações, ele [Eduardo] é elogiado pelo prefeito Daniel Alonso [no primeiro semestre do ano passado]. No outro arquivo, estaria sendo alvo de ofensas à honra pelo assessor Alysson.
INVESTIGAÇÃO
O delegado seccional Wilson Carlos Frazão explica que os pedidos de prorrogação do inquérito são feitos pelo delegado responsável pelo caso “enquanto necessário”. A Polícia Civil não especificou quais seriam as novas diligências, mencionadas no requerimento.
Ao Marília Notícia, quando a investigação veio à tona, Frazão disse que o objetivo é promover a “justa e cabal apuração dos fatos e de eventuais delitos de coação no curso do processo, tráfico de influência, divulgação de informação sigilosa e extorsão, sem prejuízo de caracterização de outras infrações penais subsidiárias, correlatas ou cometidas em concurso.”
O MN procurou o vereador. Nascimento se referiu ao inquérito como “patifaria” e disse que “no final, todos serão processados por denunciação caluniosa, inclusive vocês”, em menção aos jornalistas que noticiam o trabalho da Polícia Civil, em função da denúncia na qual é citado.