Vereadoras destacam força e resistência das mulheres na política
As vereadoras Silvia Daniela Domingos D’Avila Alves, a Professora Daniela (PL), e Vânia Ramos dos Santos (Republicanos) participaram de uma matéria especial sobre o Dia Internacional da Mulher (8 de março) e destacaram a força e resistência feminina na política local e nacional.
Para a vereadora Daniela, participar da política não precisa necessariamente estar num cargo eletivo, mas exercer um mandato tem suas responsabilidades e pressões públicas.
“Antes de ser vereadora, sempre estive ligada à movimentos políticos e sociais, além de um comprometimento perante a sociedade. Você se torna uma parlamentar quando participa de um pleito, que não é uma tarefa fácil. A primeira vez que me envolvi efetivamente em uma campanha e busquei votos para me tornar vereadora, foi quando acabei eleita em 2016. Na última eleição, em 2020, consegui a reeleição histórica de uma mulher no Legislativo da cidade”, relatou.
De acordo com a parlamentar mariliense, a “vida política” requer resistência. “Quando você entra oficialmente na política, como vereadora, por exemplo, existe um lado negativo. Você acaba sendo vista por outras pessoas de forma diferente. As pessoas acham que têm o direito de ofender e desrespeitar. É uma grande dificuldade. O lado positivo é que você obtém braços de apoio para ajudar aquelas pessoas que mais precisam. Minhas principais bandeiras são a Educação e o Social”, comentou.
A reeleição foi fruto de trabalho e persistência. “Trabalhei com afinco em prol da causa social, que ainda precisa ser mais justa e igualitária. A reeleição aconteceu num momento bastante difícil da minha vida e Deus honrou quem trabalha, foi justo comigo. A mensagem que deixo para outras mulheres, que querem participar da política, é sempre manter a força de vontade e o desejo de ajudar e transformar as pessoas. Claro que não fazemos nada sozinhos, o Legislativo precisa do Poder Executivo. Os dois poderes devem caminhar juntos, por meio do diálogo. É uma via de mão dupla, porque dependemos de projetos que vão ser bons para a população mariliense”, complementou.
Silvia Daniela é servidora pública municipal desde 2004 e possui nível superior completo em Pedagogia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Marília.
“A Educação é a única maneira de mudarmos nosso país. Não tem outro meio, é necessário alfabetizar nossas crianças e prepara-las para o futuro, proporcionando o senso crítico e respeito”, argumenta.
‘CASO MAMÃE FALEI’
Por fim, a vereadora comentou sobre o lamentável episódio envolvendo o deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, que teve áudios vazados dizendo que “as mulheres refugiadas ucranianas são ‘fáceis, porque são pobres’”.
“As mulheres tiveram seus avanços ao longo do tempo, mas ainda têm sido motivo de chacotas. Pego como exemplo a fala infeliz de um deputado, que virou notícia nacional. A mulher tem um dom dado por Deus e pode estar na política ou em qualquer outro cargo de relevância, porque ela possui várias habilidades”, concluiu.
MULHERES DE FÉ
A vereadora Vânia Ramos (Republicanos) foi eleita vereadora pela primeira vez em 2020 e possui nível superior completo em Gestão Pública pela Faculdade Anhanguera. Ela citou uma passagem bíblica para exemplificar o empoderamento feminino. Para a vereadora, as mulheres, a cada nova eleição, avançam em representatividade, comprovando sua inteligência afetiva e sua imensa capacidade para soluções de conflitos.
“A mensagem que deixo para as mulheres de Marília é que continuem acreditando, depositando todas as esperanças no autêntico potencial feminino. Digo isso, principalmente no que se refere às habilidades políticas, de intermediações e diálogos. Quantas personagens bíblicas trazem essa determinação. Vejamos Ester, uma das mais importantes mulheres da Bíblia. A rainha Ester transmite grandes ensinamentos, é detentora de uma espiritualidade fervorosa, revela-nos caráter correto, exemplo de coragem e nos mostra a fé inspiradora”, destaca.
DILMA ROUSSEF
O Brasil teve uma única “presidenta” até hoje, que foi Dilma Rousseff, mas acabou sofrendo impeachment após sua reeleição, em 2014. Vânia Ramos acredita que este fator negativo não desmotivou a mulher na política.
“Não vejo que o afastamento da primeira mulher presidente da República brasileira tenha influenciado a representatividade feminina nos Poderes constituídos. Aliás, no domingo, dia 6 de março, li uma reportagem na Folha de São Paulo que trouxe dados com relação à representatividade feminina, mostrando que as mulheres que se elegeram vice-governadoras em 2018 – e foram várias – estão tendo pouco espaço para encabeçarem as chapas majoritárias nas eleições de agora, de 2022. Teremos dentro de poucas semanas ao menos duas novas governadoras – aliás, só temos uma governadora em todo o Brasil, que é a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, do PT”, analisa a vereadora.
Com a saída do governador do Ceará, Camilo Santana, para a disputa do Senado, sua vice Izolda Cela assumirá o cargo, e o mesmo deverá ocorrer no Piauí, na eventual renúncia do governador Wellington Dias para as eleições do Senado, com a posse da sua vice, Regina Sousa.
“Em razão das eleições de 2022, a representatividade feminina no Poder Executivo aumentará, pelo menos no que se refere aos Estados. A mulher é vista como conciliadora e na corrida para o Planalto, ao menos uma mulher vem se destacando, a ex-prefeita de Três Lagoas e ex-vice governadora de Mato Grosso do Sul, Simone Tebet. A própria Simone Tebet passou por um episódio de preconceito machista, todos ainda se recordam, durante a CPI da Pandemia de Covid-19. Então, de forma lamentável, temos que reconhecer que ainda somos alvo de preconceito e, pior, de um preconceito velado, muito escondido e sutil. Internamente, muitos partidos – não é o caso do Republicanos que sempre investiu e motivou o protagonismo de suas lideranças femininas – delegam a mulher para cargos secundários e deixam os cargos principais – como os de prefeitos e governadores – exclusivamente para os quadros masculinos”, salientou.
INSPIRAÇÃO
Vânia também falou sobre sua inspiração política. “Sempre pensei no próximo e venho de um berço cristão. Os princípios religiosos nos fazem sempre ponderar no que é melhor para todos, antes de agir. Lecionei, e dentro da sala de aula, muitos aprendizados nos ocorrem. Posso dizer que quando se trabalha como professora – como já trabalhei – a gente aprende todo dia e isso nos transforma realmente. Também trabalhei como servidora municipal, exercendo funções na Saúde pública e ali pude ver e sentir a realidade que envolve todos os bairros de Marília. Como obreira da Igreja Universal do Reino de Deus, vivenciei inúmeros testemunhos e presenciei o quanto as pessoas carecem de uma palavra amiga, de uma orientação para retomar o sentido de suas vidas. Então, com todas as minhas experiências, entendi que poderia fazer algo pela minha população, poderia ser uma representante das mulheres na Câmara dos Vereadores. Admiro o trabalho da atual ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e me inspiro no exercício democrático da vereadora Karina Caroline, de São José do Rio Preto, inclusive do meu partido, o Republicanos”, revelou.
PROJETOS
As vereadoras também destacaram seus projetos aprovados que repercutiram em Marília. No primeiro ano como vereadora, em 2021, a lei mais relevante de autoria de Vânia Ramos foi a Lei Ordinária n.º 8.702/2021, que instituiu o atendimento prioritário aos autistas, assegurando o mesmo direito que gestantes, idosos e cadeirantes possuem. Neste segundo ano, no primeiro semestre, três Leis de Vânia possuem peso relevante: PL 189/2021, que institui a prevenção às drogas como matéria interdisciplinar nas escolas municipais; PL 193/2021, que determina a divulgação do Disque 100, o Disque Direitos Humanos, nas publicações oficiais da Prefeitura de Marília; e o PL 198/2021, que estabelece a divulgação do Disque 100 nos ônibus do transporte coletivo. A vereadora Daniela lembrou de dois grandes projetos de sua autoria. Um deles é o PL 94/2019, que dispõe sobre a administração de medicamentos em estabelecimentos de ensino da rede pública municipal.
“As escolas só podem administrar remédios via oral, nas crianças e adolescentes, sob seus cuidados, nos termos da receita médica, desde que os pais demonstrem absoluta impossibilidade de administrar o medicamento em casa”, informou. O PL 57/2021, de autoria de Daniela, instituiu o Programa “Adote um Ecoponto” em Marília. Assim, empresas privadas, entidades sociais ou pessoas físicas podem colaborar com a coleta de materiais recicláveis em apoio aos catadores autônomos ou cooperados, em áreas públicas da cidade. FOTO: Vereadoras Professora Daniela e Vânia Ramos no plenário da Câmara Municipal de Marília.