Gás estabiliza preço, mas botijão tem escassez e supervalorização
Com o preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o popular gás de cozinha, estável ao consumidor neste início de ano, é o custo do botijão vazio que tem surpreendido muita gente. Em Marília, os valores pelo vasilhame usado estão entre R$ 180 e R$ 200.
O produto novo praticamente desapareceu dos depósitos e várias revendas de gás não querem vender os botijões, para não reduzir sua capacidade de rotacionar estoques. Isso porque as fábricas têm apontado redução na capacidade de produção, com os altos custos e escassez de matéria-prima.
Há pouco menos de dois anos, o consumidor em Marília poderia pagar R$ 200 pelo “kit completo”, formado pelo botijão de 13 quilos abastecido. Mas hoje, se precisar comprar o combo terá que desembolsar pelo menos R$ 300.
Dono de uma revenda na zona Norte da cidade, o comerciante Pedro Olímpio Caetano diz que evita vender. “O ideal é que as pessoas conservem seu botijão, é uma coisa que dura a vida toda. A nossa preocupação em ficar vendendo é fazer essa reposição, porque está em falta”, afirma.
Pedro conta que adquire os vasilhames de um fornecedor em Bauru, que além de comercializar o gás, se especializou na revenda de botijões. Porém, a indisponibilidade gera insegurança.
O comerciante relata que não é raro surgir no depósito pessoas interessadas em vender o popular bujão, mas com vasta experiência na área, ele está atento aos riscos. “Não compro. É um tipo de produto que, infelizmente, tem muito furto. Então se a pessoa ficar insistindo demais e eu perceber que é problema, já aviso que vou chamar a polícia”, disse.
RECOMENDAÇÃO
Nas periferias, em comunidades carentes, o botijão de gás é um importante ativo que pode ser usado para “fazer dinheiro rápido” em momentos de crise. O varejista de gás desaconselha as pessoas a fazerem a venda, já que, muito rapidamente, terá que substituir o vasilhame, que custa cada vez mais caro.
“Para alguns clientes bem conhecidos, acontece da gente emprestar por alguns dias, mas é uma coisa rara, não podemos fazer isso. Percebemos que as pessoas estão com bastante dificuldades com essa crise; um pacote de arroz chegou a custar quase R$ 30. Mas é bom que o botijão de gás seja preservado, porque é essencial”, orienta.
O valor do gás de cozinha – 13 quilos – em Marília varia de R$ 113 a R$ 120. O último aumento nas distribuidoras aconteceu em dezembro de 2021.
Com a alta nos preços dos combustíveis, é o frete que tem pesado para quem compra e vende. Consumidores que vão até os depósitos buscar o gás pagam, em média, R$ 7 a menos.