‘Siglas devem se unir para acabar com polarização’, diz Serra
Aos 79 anos, Serra afirma não ter se decidido se vai tentar renovar o mandato, que se encerra em dezembro. Em entrevista ao Estadão por e-mail, o senador disse que o PSDB deve respeitar o resultado das prévias que escolheram o governador João Doria como pré-candidato à Presidência, mas acha que os partidos precisam se unir em torno de um nome com chances de romper com o que classificou como “polarização entre extremos”.
Como o sr. avalia o processo de prévias tucanas e a vitória de Doria?
Como democratas, optamos por um processo de votação interna com candidatos qualificados. Agora, há que se respeitar o resultado das nossas urnas. O foco principal do partido deve ser a busca por projetos e planos de governo estruturantes para o País.
Acredita que a terceira via possa se unir em torno de uma candidatura única?
É fundamental que os partidos se unam em torno de um nome com chances de acabar com essa polarização entre extremos, cada vez mais acentuada.
Como vê esse movimento do ex-presidente Lula de buscar diálogo com tucanos? Ele procurou o sr.?
Acho natural e importante o diálogo político. É da democracia, inclusive entre atores que não compartilham suas bandeiras e ideologia. Não fui procurado por ele.
Como avalia uma eventual chapa Lula-Alckmin?
O Geraldo é mais indicado para responder.
O PSDB deve optar por formar uma federação?
Por conta de todas as exigências e peculiaridades locais de partidos orgânicos, acho mais provável, neste primeiro momento, que as federações não ocorram entre siglas médias ou grandes, mas entre as siglas menores.
Vai tentar a reeleição?
No momento adequado, decidirei com o meu partido.
Quais são suas prioridades neste final do mandato?
Vou priorizar três áreas: social, meio ambiente e fiscal. Vou focar nessas questões, com novas proposições, mas sem deixar de atuar em projetos que preveem, por exemplo, o voto distrital, o parlamentarismo e novo marco regulatório do pré-sal.
Em 2015, quando o sr. foi para o Senado, a presidente era Dilma Rousseff. Depois, Michel Temer e Jair Bolsonaro. Como avalia as mudanças do período?
Tem sido turbulento. Mas seria muito leviano afirmar que nada foi feito. À parte opiniões técnicas sobre elas, houve reformas macro relevantes, como o teto de gastos e a reforma da Previdência. No campo fiscal, acho que o período demonstrou a necessidade de compromissos políticos, sobretudo por parte do Executivo, para que o equilíbrio fiscal seja preservado. Nas demais áreas, os últimos anos acenderam alertas. Durante um bom tempo, muito se falou sobre o amadurecimento institucional do País. Parece que nem tanto: certas áreas de políticas têm sido objeto de desmonte; outras estagnaram-se. Nosso sistema de Justiça tem-se mostrado poroso a injunções políticas de ocasião
Como ex-chanceler, como avalia a viagem de Bolsonaro à Rússia?
Considero completamente inoportuna. Em termos de política externa, o presidente Bolsonaro está constantemente dando sinais trocados. A Rússia é um importante parceiro comercial do Brasil, mas este não é o melhor momento para qualquer gesto que signifique complicar as relações do Brasil com outros parceiros igualmente importantes, como Estados Unidos e União Europeia, por exemplo. Parece querer mostrar que o Brasil está na contramão do mundo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.