Investigação no São Bento ocorre em meio à falta de segurança
Moradores do São Bento – um complexo residencial de 816 apartamentos organizados em três condomínios na zona Sul – estão receosos após dois crimes, em intervalo de horas.
No fim da manhã desta segunda-feira (7), um morador foi alvejado por disparo de arma de fogo no braço e agredido por um grupo de rapazes. Ele relatou à polícia que a agressão teria sido motivada por uma dívida de drogas.
Já na madrugada desta terça-feira (8), uma das portarias – justamente o condomínio onde ocorreu o disparo – foi invadida por criminosos armados com pedaço de pau. Aparelho DVR (dispositivo de armazenamento de imagens) foi levado, junto com o interfone.
A polícia suspeita que os casos estejam relacionados e o furto do equipamento tenha, como objetivo, obstruir a investigação da tentativa de homicídio.
O Marília Notícia conversou com moradores, que preferem não se identificar, mas relatam sensação de insegurança em viver no local. Recepcionista de 36 anos ouvida pelo site afirma que mudaria, se pudesse.
“Falta respeito e mais fiscalização. Por exemplo, se tem uma pessoa fumando maconha, molecada fazendo bagunça, ninguém fala nada. A gente, que é morador, tem que comprar briga. Eu acho que isso seria obrigação do síndico, do ronda. É gestão”, afirma.
Outro morador, comerciário de 21 anos, diz que o residencial é feito de fases. “Tem época que está melhor, depois aparecem umas pessoas que tumultuam. Dá uns BOs [boletins de ocorrência] e acaba melhorando. Não penso em mudar, mas é bom ficar esperto”, afirma.
Nas redes sociais, internautas que declaram morar no empreendimento comentaram os casos recentes. “Se existe portaria é para controlar quem entra e quem sai (…)”, escreveu uma usuária. “Não estava nem sabendo (…) que perigo uma bala perdida”, registrou outra.
As fontes ouvidas pelo MN dizem haver diferenças entre o São Bento 1, 2 e 3. Entretanto, a maioria diverge sobre o conjunto de blocos que seria mais seguro ou organizado.
O MN conversou com um dos moradores que, embora atualmente ocupe função de síndico, também preferiu não ser identificado. Ele admitiu falhas no sistema de controle de acesso.
“Falei para os meus porteiros hoje [anteontem]. O grande costume deles era deixar entrar pessoas sem coletar nome, sem identificar as pessoas, portão fica aberto, muitas vezes. São falhas que ocasionam isso [falta de segurança]. Estamos alinhando, para não acontecer mais”, garante.
Um dos grandes problemas, segundo ele, é a inadimplência. “Eu acho que o nosso condomínio está bem organizado, mas o problema é a que não temos receitas para cobrir tudo. Aí um mês você faz algo, outro mês faz outro”, afirma.
A estimativa do síndico é que somente 35% dos moradores estejam em dia com a taxa condominial. “Já executamos alguns [judicialmente], mas é difícil dar penhora. Em poucos casos o condomínio conseguiu receber”, reclama.
Para quem vive no residencial, a expectativa por dias melhores contrasta à realidade. “A situação só piora. Tem gente fazendo campana, vendo se está entrando polícia. Coisa de malandro”, teme uma moradora, que opta por resguardar a identidade.