Revita coloca aterro em operação e deixa de avisar a Prefeitura
A Revita Engenharia S/A já está com o aterro sanitário particular em operação em Marília, localizado em uma fazenda nas margens da rodovia SP-333, perto da divisa com Echaporã, desde agosto de 2021. O espaço já vem recebendo resíduos de algumas cidades da região como Echaporã, Vera Cruz e Getulina, além do próprio município.
A informação foi confirmada à equipe de reportagem do Marília Notícia por funcionários da empresa e pela assessoria de imprensa do grupo Solví, gestor da marca.
Apesar do novo destino dos resíduos produzidos na cidade há quase seis meses, a Prefeitura ainda não foi comunicada oficialmente sobre a mudança.
A novidade pegou de surpresa a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Limpeza Pública, após questionamento feito pelo Marília Notícia. Em setembro do ano passado, a pasta prorrogou a vigência do contrato do transbordo dos resíduos sólidos urbanos, que é feito pela própria Revita.
O aditivo é válido até julho de 2022 e prevê o transporte do lixo produzido pelos marilienses da área de transbordo, localizada na vicinal para o distrito de Avencas, até “local devidamente licenciado pelos órgãos ambientais competentes”.
Até recentemente, o lixo produzido em Marília era transportado pela Revita até outro aterro da própria empresa, localizado em Quatá (distante aproximadamente 100 quilômetros de Marília).
O contrato com a Revita foi assinado no final de julho de 2019 pelo valor inicial de R$ 7,8 milhões por ano, com uma previsão de transbordo de 72 mil toneladas por 12 meses. No entanto, em 2021, houve reajuste de 4,31% no valor praticado.
Agora, com a redução do trajeto percorrido diariamente por toneladas de lixos produzidos em Marília, a expectativa é de que haja uma redução drástica com este tipo de gasto. A própria administração municipal já se manifestou mais de uma vez neste sentido.
A entrada em operação do aterro particular da Revita em terras marilienses é uma expectativa que já durava há anos. Em maio de 2021, a empresa solicitou formalmente o pedido para início da operação aos órgãos responsáveis.
A tão esperada entrada em operação finalmente veio, mas os responsáveis optaram por início discreto.
CETESB
Em nota ao MN a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou que “o início de operação do aterro sanitário ocorreu entre julho e agosto de 2021. Na ocasião, começaram a receber resíduos domésticos do município de Vera Cruz. Na primeira avaliação de suas condições operacionais, constatou-se que o aterro se encontrava operando em condições adequadas”.
A agência disse também que “a empresa obteve a Licença de Operação a Título Precário, válida até maio deste ano, concedida pela Cetesb, para a avaliação da eficiência dos sistemas de controle de poluição instalados”.
“Atualmente, o aterro vem recebendo os resíduos sólidos domiciliares dos municípios de Marília, Echaporã e Vera Cruz. Novas vistorias técnicas estão programadas para o local”, diz a nota.
ATERRO
O aterro é chamado de Unidade de Valorização Sustentável (UVS) Revita Marília e possui sistema de impermeabilização de base, com mantas de geocomposto, PEAD e geotêxtil, que impede que haja contaminação do solo e efluentes, garantindo a proteção ambiental.
Instalado em uma área superior a 1,3 milhões de metros quadrados, a UVS conta com estrutura com aterro classe II para disposição de resíduos sólidos e industriais não perigosos, balança para pesagem e controle de resíduos, duas lagoas para armazenamento temporário de chorume e outras duas de sedimentação para captação de água de chuva.
Como perspectiva futura, nos próximos anos, o empreendimento contará com um Parque Multitecnológico para reaproveitamento de resíduos, visando a valorização ambiental da região.
Dentre os serviços do portfólio, a UVS Revita Marília terá central de triagem para separação de valor de materiais recicláveis, compostagem de matéria orgânica para produção de fertilizantes, tratamento do biogás gerado no aterro – que contribui para a redução de emissão de gases poluentes -, Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) e Centro de Educação Ambiental, para desenvolvimento de projetos socioambientais de consciência ambiental para crianças e adultos.
O aterro possui cinturão com 180 mil metros quadrados de área verde, entre área de preservação e reserva legal. O intuito é auxiliar na preservação da vegetação e mitigar os impactos, garantindo a preservação ambiental. Também ocorrem no local os monitoramentos ambientais de fauna, flora, água e geotécnicos.