Famema tem crise com troca de professores efetivos por temporários
A Fundação de Apoio à Faculdade de Medicina de Marília (Famar) demitiu seis professores e abriu uma crise na comunidade acadêmica, com reclamações de docentes e alunos. Para substituir os trabalhadores desligados, foram abertos processos seletivos que vão contratar temporários.
A dispensa afetou profissionais dos cursos de Medicina e de Enfermagem, que atuavam também nos cursos de pós-graduação, como o mestrado profissional e acadêmico. Os docentes assinaram aviso prévio na semana passada, após reunião com a diretoria.
A decisão teria como objetivo avançar na organização administrativa e fortalecer a autarquia Faculdade de Medicina de Marília (Famema) que, embora formalizada, ainda não tem funcionários. O problema é o divórcio das fundações, antigas mantenedoras, ainda responsáveis por contratos de trabalho ativos.
Manifesto contrário ao desligamento foi feito pelo Diretório Acadêmico Christiano Altenfelder (Daca), que cobrou respostas da Famema e apontou prejuízos ao ensino e à pesquisa.
Professores experientes ouvidos pelo Marília Notícia apontaram “precarização” do corpo docente, seleção por critério raso e nenhuma garantia aos colegas que serão contratados.
“A Famema trabalha com metodologia ativa. Vamos receber, em caráter temporário, mediante um processo seletivo de mera análise curricular, professores que podem não conhecer essa metodologia que levamos anos para consolidar na instituição”, destaca experiente educadora ao MN.
As queixas focam em desvalorização profissional. “Toda instituição que deseja ser excelente, como nós somos, tem que abraçar seu corpo docente e investir nele. Como você troca professores com onze, treze anos de dedicação, por docentes que chegam sem expectativa além de um ano?”, questiona outro profissional.
ESTUDANTES
Em manifesto, o Daca afirmou ter acreditado que a intenção de concurso – autorizado pelo Estado em setembro – seria para ampliar o quadro, ao levar em conta a falta de professores em diversas áreas.
Os alunos reclamaram da interrupção de eventos científicos, apontaram falta de profissionais nas áreas de microbiologia, urgência e emergência, biologia molecular, oncologia, histologia, ginecologia e obstetrícia, saúde do adulto, gastroenterologia, fisiologia, biofísica e outras.
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Entre os demitidos, segundo manifesto do Daca, estavam professores que atuaram na organização de recente evento científico, como o Simpósio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
“Consideramos essa área [pesquisa] negligenciada dentro da própria faculdade, levando em conta as poucas oportunidades que os estudantes têm para fazer iniciações científicas, e também pela educação pública, como demonstra a inexistência de bolsas PIBIC concedidas no último edital para a Famema”, aponta o Diretório.
OUTRO LADO
Como resposta, a Famema informa que estão autorizadas 30 contratações. São seis vagas para professor assistente mestre e 24 de professor adjunto doutor – ambos por tempo determinado.
O processo seletivo simplificado para a área de fisiologia tem inscrições abertas até quinta-feira (9). Já para as áreas de bioquímica, psiquiatria e psicologia (adjunto doutor e assistente mestre) vão até o dia 17. Os editais e demais informações estão disponíveis no site www.famema.br/processoseletivo.
A Famema não comentou as reclamações de precarização, em função dos contratos serem temporários e a seleção por análise curricular, sem a realização de provas.