MP pede reconstituição de morte em oficina
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) pediu que a Polícia Civil faça a reconstituição do assassinato do funileiro Daniel Luís da Silva de Carvalho, de 29 anos. O crime aconteceu em 19 de junho deste ano em uma oficina localizada na avenida Sampaio Vidal, na zona Sul de Marília.
A vítima foi baleada por um policial militar de folga, depois de esfaquear o proprietário da oficina, o também funileiro Vivaldo dos Santos, de 50 anos.
Pedido foi feito depois de a Polícia Civil apresentar o inquérito policial. A Promotoria entende que ainda restam diligências a serem efetuadas para melhor esclarecimento dos fatos.
Além da reconstituição, para melhor esclarecimento da dinâmica fática, o MP requer que a esposa de Daniel seja ouvida novamente. O objetivo é esclarecer o fato de não estarem registradas as ligações recebidas pela vítima – de Vivaldo e do PM – no laudo do exame do celular – que passou por perícia. Telefonemas teriam sido feitos pouco antes do crime.
Também houve solicitação para que a Polícia Civil apresente o laudo pericial feito no aparelho celular de Vivaldo.
O policial militar não foi indiciado no relatório de investigação feito pela Polícia Civil. O PM alega legítima defesa de terceiro. Ele afirma que estava no local para reparo do veículo do irmão, que tinha sofrido um acidente, e acabou presenciando a confusão, sendo necessária intervenção com tiros para evitar a morte de Vivaldo.
Mesmo assim, o documento assinado pelo delegado Edner Rogério Ferreira afirma que o policial “no cargo há 24 anos, conforme por ele mesmo informado, mesmo tendo presenciado as partes se desentenderem, trocarem ofensas verbais e ter visto Daniel sair momentaneamente do local e retornado minutos depois ameaçando Vivaldo, não tomou uma atitude mais decisiva no sentido de evitar o mal maior que se avizinhava, qual seja, o acionamento de outros policiais militares para evitar a situação extrema. Pelo contrário, manteve sua atitude de conversar com Daniel e convencê-lo a não agredir Vivaldo, comportamento este que já havia se mostrado ineficaz”.
CASO
Segundo o Boletim de Ocorrência, o policial militar de folga, que trabalhou por muitos anos na Rocam em Marília, mas atualmente presta serviço em São Paulo, teria relatado que havia levado a van de seu irmão ao local, uma oficina, e estava à paisana.
Segundo Cláudio, Daniel teria chegado no estabelecimento discutindo com a vítima. Pouco depois saiu irritado e retornou, iniciando nova discussão.
Em determinado momento, de acordo com a versão do policial, Daniel retirou uma faca da cintura e passou a golpear a vítima. O sargento, que estava de folga, teria gritado “parado, polícia” e desferido um disparo de sua arma particular contra Daniel quando ele não obedeceu a ordem.
Ainda conforme a versão do PM, o funileiro não parou as agressões, sendo necessário mais dois disparos.
Daniel teria saído correndo com a faca na mão e caído em frente de uma igreja. O policial de folga ligou para outro PM, que informou o Copom sobre o fato, e acionou o socorro.
Uma testemunha confirmou a versão do policial, afirmando que presenciou a briga de Daniel com o dono do estabelecimento por duas vezes.
Conforme a testemunha, ambos se ofenderam durante a discussão e Daniel saiu do local, voltando armado com uma faca. Eles discutiram de novo, até o rapaz golpear a vítima com a arma branca.
A testemunha narrou que em dado momento, Daniel quase se ajoelhou para dar a facada na região do abdômen, e então foi possível ouvir três tiros. Em seguida o agressor foi visto saindo correndo com a faca na mão e caindo na calçada.
Após os fatos, a testemunha tomou conhecimento que os tiros tinham sido dados por um policial de folga.
A perícia esteve no local e foram recolhidos o celular do dono da oficina e o revólver do sargento, com duas munições intactas e três deflagradas.