Vanderlei Dolce não se explica e prefere manter silêncio após denúncias
Denúncia apresentada na tribuna da Câmara Municipal de Marília, na sessão da última segunda-feira (29), criou uma crise no comando da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Limpeza Pública (Smalp), em Marília. O mal-estar é agravado pelo silêncio do titular da pasta, Vanderlei Dolce.
Ele está no governo desde o início de 2017. Foi nomeado inicialmente como assessor especial de assuntos estratégicos.
Em setembro assumiu a secretaria responsável pela gestão de contratos importantes, como a coleta de resíduos sólidos do município, abastecimento e controle da frota municipal e captura de animais errantes, entre outros.
A denúncia, que inicialmente seria anônima, mas acabou encampada por oposicionistas, aponta suposto enriquecimento ilícito de Dolce. Ele é dono de um sítio em Vera Cruz (17 quilômetros de Marília), uma unidade de produção rural registrada na Receita Federal, em outubro de 2016.
A questão central seria a incompatibilidade nos rendimentos do secretário, contratado para trabalhar das 08h às 17h30, com intervalo de 01h30 para almoço.
Conforme o Portal da Transparência do Município, em novembro Dolce teve um rendimento bruto de R$ 8.770,27 de salário. Efetuados os descontos, recebeu R$ 5.685,74.
Após a denúncia – feita pelo vereador Júnior Féfin (PSL) – um vídeo distribuído entre jornalistas, políticos e outras autoridades mostra documentos públicos, fotos, vídeos e fotos aéreas do sítio de Vanderlei, que evidenciariam a rápida evolução patrimonial.
A acusação envolve recursos básicos, como suposto uso de veículo oficial [sem nenhum tipo de identificação], para fins particulares, fora do horário de serviço do servidor.
O carro foi fotografado e filmado na propriedade de Vanderlei, na chegada a Vera Cruz e ainda em frente a residência da mulher do secretário, no perímetro urbano de Marília, supostamente no horário de almoço de Dolce, o que em tese é proibido.
Também são expostos relatórios de multas referentes ao veículo, com o questionamento sobre o pagamento das dívidas junto ao Departamento de Trânsito do Estado de São Paulo (Detran).
Vale lembrar que todos os servidores da Prefeitura que foram flagrados em infrações devem ser responsabilizados (receber os pontos) e assumir o pagamento de multas.
Os principais questionamentos, porém, apontam para a incompatibilidade entre a renda de Dolce e o patrimônio. Série de fotos aéreas, obtida pela plataforma (Google Earth) mostra o rápido avanço das obras na propriedade, onde praticamente inexistia benfeitorias em 2016.
INVESTIGAÇÃO
O vereador autor da denúncia – que afirmou ter recebido o material em um pendrive de uma fonte não revelada – disse na Tribuna da Câmara que o material foi encaminhado ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
A reportagem do Marília Notícia questionou o órgão, por meio da assessoria de imprensa, porém ainda não recebeu informações sobre procedimentos ou inquéritos formais instaurados para apurar o caso.
OUTRO LADO
O secretário Vanderlei Dolce foi procurado nesta terça e quarta-feira pelo MN. Inicialmente, preferiu não se manifestar. No final da tarde, em contato com a redação, disse estar tranquilo, mas não respondeu perguntas sobre o patrimônio.
“Eu sei do meu coração, sei da minha verdade. Não vou justificar uma coisa que a pessoa, antes de ter falado, deveria ter checado direito. Vejo má-fé e pura maldade. O tempo vai dizer”, disse.
Mais cedo a Prefeitura de Marília emitiu nota: “O Secretário do Meio Ambiente e Limpeza Pública Vanderlei Dolce disse que as acusações são totalmente descabidas e criadas por pessoas de má-fé que não tem compromisso com a verdade”.
A Prefeitura não respondeu sobre a instauração de eventual sindicância sobre o caso, nem mesmo sobre eventual desvio funcional no uso de veículo oficial.
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