Sistema de poços do Daem reduz impacto da crise hídrica em Marília
Com menor dependência de captação superficial, o sistema de abastecimento de água em Marília vive situação diferente da vizinha Bauru (distante 107 quilômetros). A cidade abastecida pelo Rio Batalha anunciou rodízio de 24 horas de atendimento contínuo, por 72 horas – três dias – com torneiras secas em vários bairros.
O principal motivo é o nível crítico da lagoa de captação, que atingiu apenas dois metros na última quinta-feira (11). A maior parte do fundo do lago está exposta, com um vazio que deixou a população perplexa e as autoridades em alerta máximo.
A cidade retomou, no dia 5, o sistema de rodízio 24h/48h, no qual são dois dias sem água, para cada dia com atendimento regular. Agora, teve que adotar medida ainda mais drástica. Simultaneamente, anunciou obras de perfuração de poços.
Já em Marília, o Departamento de Água e Esgoto (Daem) registrou nível de alerta – quando o volume fica abaixo de 50% – em apenas um dos onze reservatórios de distribuição instalados.
O mais vulnerável é o R16, que fica na avenida República, próximo ao Tauste Supermercados. Na tarde da última sexta-feira estava em 47% da capacidade.
Vale lembrar que não é apenas o volume reservado que pode indicar risco. É preciso que a água chegue a todos os bairros. Para isso, o Daem afirma que mantém vigilância nos sistemas e realiza obras de infraestrutura para que todas as regiões estejam cobertas.
“Tivemos chuvas que deram uma favorecida e estamos monitorando a situação. Independente disso, estamos sempre pedindo para a população economizar, fazer uso racional, porque virão os dias quentes e o consumo aumenta”, alerta o engenheiro João de Oliveira, presidente do Daem.
SISTEMA HÍBRIDO
Em Marília, conforme o Departamento, 51% da água consumida é captada em superfície. São quatro mananciais, em dois sistemas: Rio do Peixe/Córrego do Arrependido, para as regiões Central, Oeste e Norte, além das represas Cascata e Ribeirão do Norte, que ajudam a suprir partes do Centro e zona Leste.
As regiões Sul e Norte têm alguns dos poços profundos com maior vazão. “Esse sistema de poços cobre os outros 49%, em números aproximados”, explica João Oliveira.
Conforme o Daem, Marília tem dois projetos em andamento – para entrega em meses. Um deles, mais expressivo, é um poço adicional na zona Norte, região do Ribeirão dos Índios. Serão captados entre 30 a 40 mil litros a mais por hora, no nível do aquífero Serra Geral.
A outra proposta de obra é no distrito Amadeu Amaral, zona Oeste, onde o Daem detectou queda de vazão no poço atualmente instalado. O sistema deve entregar mais oito mil litros/hora, gerando volume adicional suficiente para o bairro.
CHUVAS
A gravidade do baixo volume hídrico foi tão grande, que os municípios mais dependentes de captação superficial ainda poderão levar muito tempo para se recuperar.
Aliás, a recuperação foi mais intensa em outubro. Neste mês, ainda não houve chuva expressiva no município.
Conforme dados da estação automática do Instituto Nacional de de Meteorologia (INMet), Marília teve 154,06 milímetros de chuva entre os dias 1 de outubro e 11 de novembro. No mesmo período do ano passado, foram 71 milímetros.