Após revisão, Marília ‘perde’ 17% dos postos de trabalho
Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes a 2020 vêm passando por revisões pelo Ministério da Economia e, no caso de Marília, já é possível constatar que foram criados 17% vagas a menos do que o divulgado inicialmente.
Em janeiro, o Governo Federal apontava que no município tinham sido criados 2.196 empregos formais durante todo o ano passado. Após atualização das informações, esse número caiu para 1.818 – ou seja, uma redução de 378 novos postos de trabalho.
Em todo o Brasil, após o governo ter negado durante meses a subnotificação de demissões registradas no Caged durante a pandemia, o saldo de vagas com carteira assinada em 2020 já caiu pela metade, com as revisões mensais no sistema.
Em janeiro, o Ministério da Economia divulgou a criação líquida de 142.690 empregos no ano passado, mas o número real já despencou para 75.883 com os dados apresentados pelas empresas ao longo deste ano.
O resultado brasileiro de 2020 ainda é positivo, mas a redução de 46,82% na quantidade de novas vagas criadas no ano chama atenção.
Revisões em dados do Caged são corriqueiras e podem ocorrer até 12 meses após novas demissões e admissões, mas a magnitude da discrepância revela que – de fato – um número maior de firmas atrasou o preenchimento das informações sobre demissões no ano passado.
APAGÃO
O primeiro impacto da pandemia da Covid-19 sobre o Caged foi um “apagão” de dados do indicador no começo do ano passado. No fim de março de 2020, o Ministério da Economia decidiu suspender por tempo indeterminado a divulgação dos saldos do Caged de janeiro e fevereiro. Com o passar das semanas, os dados de março também caíram nesse limbo.
Em abril do ano passado, o então secretário de Trabalho do Ministério da Economia e atual secretário executivo do Ministério do Trabalho, Bruno Dalcolmo, reconheceu que o Caged tinha dificuldades na coleta de informações em um momento em que muitas empresas e escritórios de contabilidade estavam fechados
Nos meses seguintes, porém, a pasta alegou que o preenchimento das informações tinha voltado ao normal, negando o aumento de subnotificações de demissões. No entanto, a persistente elevação da taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE contrastava com os resultados bastante positivos do Caged.
Em novembro de 2020, o Broadcast Estadão mostrou que diversos economistas seguiam suspeitando que empresas que faliram na crise simplesmente haviam deixado de comunicar um volume alto de demissões ao Caged. Existiam dúvidas se o ritmo da recuperação do emprego seria mesmo em forma de “V”, como sempre sendo propagado pela equipe econômica do governo.
O próprio Dalcolmo argumentou em mais de uma divulgação mensal do Caged que, se houvesse qualquer tipo de subnotificação de demissões, os próprios trabalhadores teriam denunciado as empresas, já que ficariam sem receber o seguro-desemprego.
As suspeitas de subnotificação de demissões no Caged incomodaram autoridades da pasta ao longo do ano passado. Em junho de 2020, o ex-secretário especial de Trabalho e Emprego do Ministério da Economia e atual advogado-geral da União, o mariliense Bruno Bianco, atribuiu a uma discussão ideológica os questionamentos às estatísticas do mercado de trabalho. “Uma ou duas pessoas que não se contentam com dados positivos e criam histórias infundadas”, afirmou, na ocasião.
Com informações da Agência Estado
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