Homem morto no CDHU estava acamado após AVC
A Justiça de Marília decretou as prisões preventivas da estudante Suellen da Silva Bertoleti, de 24 anos, e do companheiro dela, o ajudante de pintor César Augusto da Silva, 27, pela morte do pai da jovem. Eles foram presos na sexta-feira (22), logo após a descoberta do corpo.
Detalhes do crime, como o fato da vítima estar acamada, geraram surpresa até nos investigadores. A apuração do caso revelou que o soldador Hélcio Carvalho Bertoleti, de 56 anos, perdeu os movimentos após um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
É a filha quem ficou responsável por cuidar dele. Suellen morava com o pai, em um apartamento do Conjunto Habitacional Paulo Lúcio Nogueira, o popular CDHU. As suspeitas iniciais da polícia, que aguarda laudos periciais, é que o homem tenha sido espancado. Ele também pode ter sofrido asfixia.
FLAGRANTE
A polícia conseguiu depoimentos de testemunhas que apontaram uma madrugada barulhenta no apartamento de Hélcio. Os relatos indicam briga entre Suellen e César.
Na manhã seguinte, o rapaz foi visto entrando e saindo várias vezes do apartamento. Pouco antes de o corpo do sogro ser localizado, o suspeito teria encontrado um morador e afirmado: “Vai lá ver o que ela fez com ele”. Para a polícia, uma clara referência à Suellen e à vítima.
O casal já não estava no local quando uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou para atender chamado da vizinhança. Hélcio estava morto sobre a cama, com o rosto praticamente desfigurado.
Sangue no braço e também várias manchas em um travesseiro, ao lado da cama de solteiro. A Polícia Militar foi acionada e preservou o local até a chagada da perícia e da equipe da delegada plantonista Renata Yumi Ono.
Os investigadores prenderam César em um bar próximo ao bairro CDHU. Já Suellen foi detida na casa da mãe dela. O rapaz, durante interrogatório, imputou a morte de Hélcio à companheira. A mulher negou ter matado o pai.
“Foi um trabalho rápido de investigação e um flagrante bem instruído. No mesmo dia, duas pessoas foram detidas. A motivação do crime, pelo que foi apurado até o momento, seria o fato da autora já estar farta dos cuidados com o homem acamado”, disse ao Marília Notícia o titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Luís Marcelo Sampaio.
GRAVAÇÃO
Conforme apurou o MN, uma das principais provas materiais da polícia, além de uma calça jeans com manchas de sangue – vestes usada por César –, foi uma gravação de mensagem de áudio atribuída à Suellen.
Em mensagem à mãe, a acusada afirma que não suportava mais cuidar do pai. “Pelo amor de Deus mãe, não aguento mais esse cara. Ele caga para os outros limpar. Agora que aprendeu que os outros limpam. Está pesado mãe”, diz a jovem.
Em outro trecho, a estudante manifesta descontrole e diz que vai matar o pai. “Eu quero matar ele. Eu queria enforcar ele. Eu estou morrendo por dentro, não aguento”, afirma.
Suellen também conta à mãe que Hélcio havia recebido algum valor [benefício, por sua condição de saúde] e queria beber. Diz ainda que teria sido aconselhada a dar bebida ao pai, para evitar que ele piorasse, por abstinência. Em nenhum momento, porém, aponta violência do homem acamado.
Além do áudio, depõe contra o casal a situação em que César foi preso. Bebendo após o crime, sem aparentar nenhum arrependimento, ele tinha nas calças respingos de sangue.
Como o corpo não foi removido e não teria havido tentativa de socorro, para a polícia, a prova o coloca na cena do crime. Além disso, o jovem tinha ferimentos no punho direito, compatíveis com o emprego de força excessiva, com a mão fechada.
INVESTIGAÇÕES
O casal foi indiciado por homicídio qualificado, por não ter dado chance de defesa à vítima. A polícia ainda aguarda laudos do Instituto Médico Legal para saber se Hélcio foi vítima de algum objeto perfurocortante.
A DIG também quer saber se a altura dos respingos na peça podem confirmar se o homem estava deitado, ao ser violentamente agredido. A investigação pode apontar ainda se Hélcio já vinha sendo vítima de violência, antes de ser morto no apartamento.
Com as provas colhidas, os investigadores acreditam que as versões podem mudar no decorrer do caso. A dupla deve ser ouvida pela Justiça, antes que o juiz da 1ª Vara Criminal prolate a sentença de pronúncia. Nesta etapa, será definido se Suellen e César irão ou não ser submetidos a júri popular. Até lá, os dois devem seguir presos preventivamente.
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