‘Não deixe faltar água’, pede Daniel ao novo presidente do Daem
Essa foi a principal solicitação feita pelo prefeito Daniel Alonso (PSDB) ao novo presidente do Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem), João Augusto de Oliveira Filho. As outras – tão importantes quanto – são, praticamente, decorrentes. O empresário que administra a cidade há seis anos quer redução de custos operacionais e administrativos na autarquia.
Para atender ao chefe, o engenheiro que aceitou a tarefa terá que superar as crises hídrica e econômica. Nas planilhas atuais, Filho vê déficit e gastos crescentes – principalmente com energia elétrica – mas projeta esforços para tentar enxugar ainda mais as despesas.
“Não foram pedidos do prefeito, mas ordens. O Daniel sabe das dificuldades do Daem, que vivemos uma situação de queda de arrecadação e custos mais elevados, principalmente com a conta de luz, mas ele reforçou a necessidade de otimização”, diz em entrevista ao Marília Notícia.
O novo presidente não descartou, pela inexistência hoje de servidores suficientes para a tarefa, a contratação de um serviço especializado que analise eventuais melhorias para redução de custos.
“Não tem muitos caminhos. A tecnologia é o que pode nos ajudar. Temos que analisar todos os processos, como são feitos hoje e como podemos melhorar, para gerar alguma economia. O ganho de eficiência é que pode reduzir os custos que temos atualmente”, disse.
Conforme Filho – que ocupava a função de vice-presidente do Daem e conhece a estrutura -, a margem para investimentos e até para a gestão do serviço, dentro do orçamento atual, é cada vez mais restrita.
“Entre o consumo mensal e os parcelamentos, o Departamento compromete 39% de todas as nossas receitas para pagar energia elétrica. Um percentual de 23% vai para os recursos humanos. Utilizamos 8% da arrecadação com a previdência. Temos, portanto, 30% para as demais necessidades”, afirma.
E não são poucas, segundo o engenheiro. Além do encarecimento da energia, a autarquia municipal sente os reajustes nos produtos químicos para o tratamento da água, equipamentos hidráulicos em geral e combustíveis para a frota.
Há ainda a taxa pela exploração da água, recolhida ao Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee). Como a cidade não para de crescer, as obras para ampliação da oferta de água são vitais. Ou seja, tão importantes quanto os contratos para construção de emissários, que farão as estações de tratamento funcionarem em sua totalidade (veja abaixo).
Não que aumento da tarifa seja um assunto proibido no Daem, mas o novo presidente garante que “esse não é o desejo de ninguém”.
“O prefeito Daniel demostrou muita preocupação com a questão social. Não podemos simplesmente reajustar, porque temos uma questão importante: é como fica a sobrevivência das famílias? Então vamos trabalhando com o que temos. No futuro, é evidente, que isso [recomposição tarifária] vai ter que ser pensado, mas não é algo com o que podemos contar hoje”, pontua João Augusto.
Sobre a entrega de mais água, o novo presidente afirmou que existem dois projetos em andamento – para entrega em meses. Um deles, mais expressivo, é um poço adicional na zona Norte, região do Ribeirão dos Índios. Serão captados entre 30 a 40 mil litros a mais por hora, no nível do aquífero Serra Geral.
A outra proposta de obra é no distrito Amadeu Amaral, zona Oeste, onde o Daem detectou queda de vazão no poço atualmente instalado. O sistema deve entregar mais oito mil litros/hora, gerando volume adicional suficiente para o bairro.
ESGOTO
Questionado pelo Marília Notícia, o engenheiro explica que, apesar da conclusão das três estações de tratamento (Barbosa, Pombo e Palmital), o saneamento na cidade ainda tem o desafio das obras dos emissários. As ligações estão em andamento.
Números que o Daem informou à Agência Nacional de Águas (ANA) – e foram confirmados ao MN – indicam que a bacia do córrego Barbosa, que atende parte do Centro e zona Sul, recebe o esgoto de 90% de seu território.
Já o sistema Pombo – que compreende a zona Oeste e também parte da área Norte e central – abrange 75% do perímetro mapeado.
A mais incompleta rede de emissários está na bacia do córrego Palmital, que recebe apenas 11% dos efluentes. Além de ser a construção mais recente, a Estação de Tratamento de Esgoto, que vai atender as regiões Leste e parte da Norte e Centro, é também a maior delas.
“Essa rede de emissários é bastante complexa e, diferente de outras cidades, temos um desafio topográfico imenso em Marília. Isso encarece as obras, exige muito mais tecnologia, tempo e dinheiro para a construção. Mas o importante é avançarmos. Estes percentuais que estou informando não param de aumentar, resultado da nossa gestão”, conclui o novo presidente do Daem.