Queimadas matam e deixam animais feridos na zona Oeste de Marília
Com focos de incêndio simultâneos em Marília e municípios da região, equipes do Corpo de Bombeiros vivem dias de apreensão, exaustão e perplexidade em meio à destruição e morte que as queimadas têm provocado na zona rural e limites do perímetro urbano.
Algumas das cenas mais chocantes desse desastre ambiental foram registradas por moradores e combatentes das chamas. São bois queimados, cercados pelo fogo. O Marília Notícia recebeu também imagens de animais mortos, as quais o site optou pela não exposição.
Donos de sítios e funcionários usam arado para revirar a terra e tentar interromper o avanço do fogo pela pastagem seca. Alguns animais de criação não conseguiram chegar a pontos mais seguros das propriedades e morreram carbonizados. Uma ponte de madeira da estrada do Pombo foi destruída. Torre de transmissão de energia foi atingida pelas labaredas e foi aberto chamado à concessionária de energia, para avaliar a estrutura.
Os bombeiros trabalham em turnos de até 24 horas, a maior parte do tempo, em meio à ação de combate. Todo efetivo operacional de Marília, apoiado por homens que trabalham na administração, está mobilizado. Vale até ajudar a desenroscar vacas em cercas, para reduzir as mortes.
Brigadas de incêndio são formadas por vizinhos, mas a indisponibilidade de água e a vegetação seca, propícias ao fogo, desafiam todos os esforços.
Há pelo menos dois dias, o fogo consome áreas de pastagens próximas à estrada do Pombo, à margem esquerda (sentido Marília/Pompeia) da Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), no distrito de Padre Nóbrega.
Os bombeiros cumprem escalas de revezamento de horas a fio no combate às chamas. “Estes animais queimados não são nem 10% [dos que foram atingidos]. O fogo começou perto do presídio, em Nóbrega, e já queimou matas, pastagens e está chegando perto do Firenzi”, diz ao MN um dos homens que trabalha na força-tarefa.
No final da tarde de ontem, o fogo estava em uma região de baixada, já próximo à serra e à estação de tratamento de esgoto do Pombo. A orientação para quem tem propriedade na região é manter os animais longe de vegetação, em locais com maior segurança.
Também na zona Oeste – região do bairro mencionado – as chamas consumiam matas no bairro Califórnia. A fumaça em toda a região torna o ar insustentável e uma coluna de fumaça pôde ser vista até pelos moradores do lado oposto da cidade.
O apelo dos bombeiros é para que a população pare de atear fogo em vegetação. O uso de fogo para limpeza de área é ato criminoso, mas ainda comum para algumas pessoas.
No ano passado, situação semelhante a registrada na zona Oeste foi experimentada na região Leste da cidade, depois que o incêndio de três dias “varreu” áreas de pastagens e reservas ambientais no distrito de Dirceu.
O fogo causou a morte de animais silvestres e levou produtores rurais e bombeiros a um mutirão exaustivo. Parte da cidade ficou coberta pela fumaça e a qualidade do ar – aferida pela Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) – recebeu classificação “péssima”, a pior na escala que mede a poluição.