Marília soma 6,8 mil novas moradias em seis anos, aponta estudo
A cidade de Marília têm 81.597 domicílios ocupados, segundo levantamento divulgado na sexta-feira (13) pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados do Estado de São Paulo (Seade). O número aponta incremento de 6.845 imóveis sendo utilizados, em intervalo de apenas seis anos, um crescimento de 9,15%.
Com o número de endereços aumentando acima da média populacional, a proporção de pessoas em cada imóvel caiu. Em 2015, a taxa era de 3,01 morador em cada residência. Agora é de 2,87.
Com 40 anos de experiência, o demógrafo Carlos Eugênio de Carvalho, que integra o corpo técnico da Fundação, explica que o resultado pode ser atribuído ao aumento da população na faixa etária acima dos 20 anos.
“Estes domicílios estão atendendo, em parte, a demanda de uma parcela que ingressa na faixa etária de maior poder de compra. Quem casa quer casa”, exemplifica.
DIVÓRCIOS E LONGEVIDADE
O incremento de 9,15% – verificado em Marília – é facilmente explicado por outros índices observados pela Fundação, como o aumento no número de divórcios e alta da expectativa de vida da população – considerando-se os últimos dez anos.
“A longevidade acarreta, naturalmente, em maior tempo de ocupação do imóvel pelo indivíduo. Tem aumentado, por exemplo, o número de domicílios com um casal de idosos. Quando um deles acaba por falecer, ainda pode haver um longo período em que o outro vai morar sozinho”, explica.
O censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, em 1980, o número de domicílios com uma ou duas pessoas era de 20% do total. Já em 2010, essa fatia saltou para 35% dos endereços.
É assim que, mesmo com a taxa de natalidade cada vez menor, a maioria das cidades demanda cada vez mais residências. Ao menos por enquanto.
TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
Com um olhar no futuro, os demógrafos enxergam limites [matemáticos] para o aumento no número de domicílios. A estabilização ou até mesmo uma linha ascendente, explica Carlos Eugênio, pode ocorrer exatamente pelo envelhecimento da população, combinado com a redução da natalidade.
“Vamos fazer dois cortes na população: abaixo de 20 anos e acima. O grupo abaixo de 20 é o que menos cresce atualmente. Em 1980, as mulheres tinham uma média de 3,4 filhos, enquanto que em 2020, a média foi de 1,6. Se hoje vemos que os mais jovens estão impulsionando essa tendência de expansão de domicílios, no futuro poderemos não ter mais esse impulso”, observa.
BOM MOMENTO
Já que essa estagnação – nos novos domicílios – projetada pelos demógrafos ainda não é realidade, é hora de fazer bons negócios no setor imobiliário.
Com a experiência de corretor e dirigente empresarial no segmento, Edson de Souza Moreira, da Moradas Imóveis Marília, afirma que a busca por casas e apartamentos populares têm sido grande.
No perfil dos clientes, ele identifica os novos consumidores aos quais o demógrafo Carlos Eugênio se referiu. “Muitos casais jovens buscando imóveis de até R$ 180 mil, que estão enquadrados no programa ‘Casa Verde Amarela’. Também há uma procura no segmento de alto padrão, principalmente por investidores, mas é mais moderada”, diz.
Enquanto a transição demográfica não se completa, o mercado de imóveis comemora a expansão, sem esquecer outros nichos, como a locação de imóveis usados e comerciais, que dependem menos da demografia e bem mais da economia.