Produtores de Marília são prejudicados com as geadas
As novas geadas registradas nesta semana, com a atuação da forte massa de ar polar em Marília, acabaram de destruir boa parte do pasto e das plantações existentes no município, o que afeta desde a agricultura familiar até grandes pecuaristas.
Em um mês, algumas regiões do território mariliense chegaram a registrar quatro episódios de geada, inclusive na madrugada desta sexta-feira (30). O mesmo problema afetou outros estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Além dos produtores, o prejuízo também deve impactar o consumidor final com aumento do preços em diversos produtos agrícolas e seus derivados nas prateleiras do supermercado. Segundo a XP Investimentos, a inflação pode ultrapassar 7% em 2021.
A geada congela as células das plantas, que se rompem. Com isso, a vegetação fica seca, com aspecto de queimada e é inviabilizada para consumo. A situação se torna ainda mais dramática por estar associada a uma intensa estiagem.
Marília possui um dos maiores rebanhos bovinos de São Paulo e, de acordo com o técnico agrícola da Prefeitura de Marília, Daniel Assis Scalco, 70% das terras agricultáveis no município possuem pastagens.
“Onde você olha das beiras dos itambés, você consegue enxergar tudo queimado no vale. Vai faltar pastagem, o que afeta tanto o gado de corte quanto de leite”, afirma o funcionário da Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O presidente do Sindicato Rural de Marília, Fernando Botelho Villela Neto, lembra que normalmente existem alternativas para alimentação do gado, como silagem e ração, normalmente feitas à base de milho ou soja.
“O problema é que boa parte destas culturas também foi perdida, então vai faltar comida e o gado não vai engordar, além da queda na produção de leite. Isso com certeza vai ter impacto no preço da carne e dos laticínios”, explica Fernando.
Desde a semana passada, segundo o representante dos produtores rurais de Marília, o preço do saco de 50 quilos de milho passou de R$ 96 para R$ 107. “Quem não conseguiu se preparar, vai ter dificuldades”.
A agricultora Lucilene Vieira Doro, que tem uma pequena propriedade rural no distrito de Amadeu Amaral, já tinha amargado prejuízos com a geada nas últimas semanas.
“Eu já tinha perdido muita plantação, então desta vez só acabou de danificar o café e a manga Palmer, que não vou ter colherita”, afirma Lucilene.
Na mesma região de Marília os produtores Agenor e Nilza, do sítio Paraíso, perderam mais verduras nesta sexta-feira, mas as plantações de morango foram salvas pela instalação de uma lona. “Quando pensamos em recuperar a produção, chega mais uma geada”, lamenta Nilza.
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