Covid-19 faz quase dobrar número de sepultamentos em Marília
Diante do contexto da pandemia da Covid-19, a quantidade de sepultamentos registrados nos cinco cemitérios existentes em Marília e seus distritos praticamente dobrou na comparação entre janeiro e maio de 2021 com o mesmo período do ano passado.
Levantamento feito pelo Marília Notícia mostra que, nos primeiros cinco meses de 2020, os serviços funerários locais realizaram 689 enterros. Já nos meses equivalentes deste ano, foram 1.336 sepultamentos – aumento de 93,9%.
Os números também englobam atendimentos iniciados em Marília, mas com translado dos corpos para enterro em outras cidades.
Entretanto, este tipo de procedimento – para enterro na cidade natal -, por exemplo, representa cerca de 10% do total – enquanto que o resto dos casos envolve sepultamentos em Marília.
No município, os cemitérios com mais demanda são o da Saudade, sob gestão da Empresa Municipal de Mobilidade Urbana (Emdurb), e o Parque das Orquídeas, que pertence à iniciativa privada. Contudo, a cidade ainda conta com outros cemitérios que são de responsabilidade da Prefeitura, e estão instalados nos distritos de Padre Nóbrega, Avencas e Rosália.
SAUDADE E ORQUÍDEAS
A pedido da reportagem do Marília Notícia, a Emdurb informou que nos primeiros cinco meses deste ano foram registrados 851 sepultamentos no Cemitério da Saudade, ante 426 em igual período de 2020 – ou seja, a metade dos números atuais.
Em análise específica, em alguns determinados meses de 2021, chegou a constar o triplo de enterros no comparativo com o período equivalente de 2020.
O Cemitério das Orquídeas vinha registrando uma média de 22 sepultamentos nos primeiros meses do ano passado, quando a pandemia ainda era praticamente uma ameaça.
Com o colapso do sistema de saúde local e regional no começo de 2021 – situação que persiste até agora –, chegaram a ser contabilizados 73 enterros no Cemitério das Orquídeas em abril deste ano.
ENTREVISTA
A atendente de famílias do Cemitério das Orquídeas, Ivone Leardini de Oliveira, tem acompanhado de perto o aumento dos serviços e não tem dúvidas sobre o que está por trás disso.
“Com certeza é um reflexo da pandemia. Chegamos a fazer três enterros por Covid-19 das mesmas famílias em menos de 15 dias. E não foi uma vez ou outra que aconteceu algo parecido, não”, relata em entrevista ao MN.
A atendente afirma que, nos períodos de maior restrição, percebe uma queda na quantidade de enterro nas semanas seguintes. “Agora, quando tem feriado, que percebemos que está havendo aglomeração, logo pode ser constatado um aumento no número de sepultamentos”, aponta.
Ivone reforça que a população precisa se cuidar e olhar pelos outros, adotando o afastamento social, uso de máscaras faciais e álcool em gel.
“Nós vemos o quanto é difícil para as famílias quem perdem seus entes queridos e não podem sequer fazer um velório, se despedir. Tudo isso compromete a elaboração do luto”, comenta.