A votação da abertura de CP (Comissão Processante) contra o agente federal foi adiada por 60 dias pelo plenário da Câmara, na sessão do dia 12 de abril. Pedido de vistas do vereador Júnior Moraes (PL) foi acatado pela maioria.
Féfin contraria depoimento e não entrega celular para perícia
O delegado Mario Furlaneto Neto concluiu na semana passada o termo circunstanciado aberto contra o vereador Junior Féfin (PSL) após polêmica envolvendo ele ocorrida no último dia 1ª de abril deste ano no Pronto Atendimento (PA) da zona Sul de Marília.
Termo circunstanciado é uma espécie de inquérito policial, mas que diz respeito a infrações penais de menor potencial ofensivo – ou seja, cujas penas não passem de dois anos de prisão.
A chefe do PA Sul, enfermeira Maria Ângela Rodrigues de Almeida Souza, registrou um boletim de ocorrência contra Féfin com a acusação de calúnia, o que deu início à investigação chefiada por Furlaneto.
Com o término da oitiva de testemunhas e coleta de provas – como análise de áudio e vídeo – pela Polícia Civil, o material agora deve ser analisado pelo Ministério Público. Os documentos foram enviados à 2ª Vara Criminal no dia 2 de junho.
Chama a atenção o fato de Féfin não ter entregado seu aparelho celular para perícia até o término do procedimento da Polícia Civil, conforme havia dito que faria quando prestou depoimento a Furlaneto, no último dia 5 de maio.
Entre os documentos reunidos no termo circunstanciado, consta a ficha de Féfin, que é agente da Polícia Federal. Ele já teve diversas queixas criminais contra ele – inclusive envolvendo a Lei Maria da Penha – sempre seguindo o mesmo roteiro: o arquivamento.
ENTENDA
Féfin esteve no PA Sul no dia 1ª de abril acompanhado de ao menos um assessor com a alegação de fiscalizar denúncias recebidas por seu gabinete.
A intervenção do vereador acabou virando um grande bate-boca com acusação de agressões verbais e empurrão do membro do PSL contra a enfermeira durante uma tentativa dela de impedir que fosse filmada.
Em depoimento, o acusado negou que tivesse utilizado de força física, mas confirmou que intercedeu e impediu Maria Ângela pegasse o celular da mão de seu assessor. Féfin ainda confirma que perguntou se a chefe da unidade estaria “louca”.
Além de Féfin e Maria Ângela, diversas testemunhas foram ouvidas durante a apuração da Polícia Civil. Gravações feitas por meio de celulares de alguns dos envolvidos e do sistema de câmeras do PA Sul foram analisadas.
Na época dos fatos, Maria Ângela disse em entrevista ao Marília Notícia o vereador se apresentou como agente da Polícia Federal e teria feito acusações gravíssimas.
Ele também teria gritado com diversos funcionários públicos, principalmente do sexo feminino, segundo relatos obtidos pela reportagem no dia.
“Ele disse que nós estávamos matando as pessoas aqui dentro, dando medicamentos vencidos, que estávamos com falta de insumos”, disse a chefe dos serviços de saúde ao MN.
Em seu depoimento na Polícia Civil, Féfin negou que tivesse acusado a equipe de estar matando pessoas e distribuído remédios vencidos.
OUTRO LADO
Com relação a entrega do celular para perícia, Féfin disse ao Marília Notícia que o aparelho “sempre ficou e está à disposição, até porque não há nenhum tipo de edição ou manipulação”.
“Inclusive, eu anexei as imagens totais através de mídia gravada e entregue à Polícia Civil. E nesse momento, não me foi solicitado a entrega do aparelho celular em si. Em razão dessa perícia ser feita somente em Bauru, o celular ficaria por vários dias, talvez semanas por lá; e como todos nós nos utilizamos muito do aparelho pro trabalho, pro dia a dia, eu esperei a entrega, apenas se necessário. Com isso, eu entendi que, caso fosse necessário, formalmente, a autoridade policial me avisaria pra entregar, o que não ocorreu. Mas sem problema, de qualquer forma será comunicado ao Ministério Público a disposição do aparelho pra qualquer tipo de perícia. Já com relação a imagem, só confirma exatamente o que eu disse e já havia demonstrado desde o início, ou seja, que a “agressão” partiu dela, em tentar pegar o celular à força das mãos do meu chefe de gabinete, e eu apenas defendo, no direito da legítima defesa da posse, como qualquer pessoa normal faria, quando se tem alguém ‘atacando’ um bem material seu”.