Marília supera a triste marca de 700 mortes por Covid
Marília ultrapassou, nesta quinta-feira (10), a triste marca de 700 mortes por Covid-19 desde o início da pandemia. Mais especificamente, são 705 óbitos contabilizados na cidade.
Boletim epidemiológico divulgado hoje confirmou mais sete mortes pela doença. Outros nove óbitos suspeitos são investigados.
Entre um dia e outro também foram confirmados mais 1.221 novos casos de Covid-19 e desde o começo da pandemia são 28.635 marilienses com diagnóstico positivo – 26.918 já curados e 1.012 em fase de transmissão.
Entre os 164 moradores da cidade internados com sintomas, 121 estão positivados e 43 sob suspeita. Hoje são esperados resultados de 3.653 exames e já foram descartadas 64.709 notificações.
Na maioria das histórias, perdas totalmente inesperadas, sem despedida. O colapso no sistema de saúde fez também com que muitas pessoas não pudessem lutar pela vida.
O total de mortes equivale a 2,5 vezes as vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho (MG) ou a lotação máxima de duas aeronaves Airbus A350-900, um dos maiores jatos comerciais do mundo, que transporta até 350 pessoas.
Em meados de maio – 150 vítimas atrás – complicações da doença levaram a tecnóloga de alimentos Natália de Siqueira, de 30 anos. No mesmo dia, a filha, Olivia, que havia nascido em uma cesariana de emergência, também morreu.
Nesta semana ela faria aniversário. Natália amava festas de aniversário tanto quanto os seus gatos. Estas paixões só perdiam para o analista de sistemas Renato Serrano, seu noivo, pai de Olívia. Eles pretendiam se casar.
“Oi Na, meu amor, hoje é o seu aniversário e está sendo um dia bem difícil aqui. Na verdade, não está menos difícil à medida que os dias passam. Esse mês especificamente será bem pesado para eu enfrentar, pois nele comemoramos o seu aniversário, o Dia dos Namorados e o nosso aniversário de relacionamento”, escreveu o jovem.
Há 93 vítimas atrás – ainda em maio – familiares, amigos e clientes se despediam do empresário Wilian Maldonado, proprietário do Posto Ecológico, na zona Norte de Marília.
Homem de muitas amizades, que não desprezava um bom bate-papo, ele era conhecido também como um amante e incentivador da música. Rock, Jazz e MPB estavam entre seus gêneros preferidos.
O empresário promoveu eventos ao longo dos anos na cidade – expertise que levou para o restaurante do posto de combustíveis, após iniciar o negócio.
A esposa, Juliana Yumi Nishikawa Maldonado, descreveu o marido como homem de boas ações. “Sempre foi um pai extremamente amoroso, e um filho muito preocupado”. Em suas redes sociais, ele fazia cobranças pela aceleração da vacinação. Wilian via a gravidade da pandemia.
Maio se despediu e, com ele o luto abateu a família do bombeiro civil Reginaldo Vitor Souza, servidor municipal que lutou pela vida por quase um mês. Ele deixou lacuna na vida dos quatro filhos, incluindo um menino de cinco anos e outro que ainda nem nasceu.
A esposa, grávida, saiu do hospital uma semana antes. Mesmo após quadro grave da doença, que fez com a mulher também precisasse ser intubada – a gestação segue.
Histórias como a de Natália, Wilian e Reginaldo ainda continuam a acontecer, a uma média diária de 5,4 vidas perdidas – nos últimos 30 dias.
Somente no Estado e São Paulo – que já atingiu a marca de 115,9 mil mortes pela doença infecciosa -, 14.553 morreram no último mês.
São pelo menos 485 famílias em luto, diariamente, por conta de um vírus que pode ser evitado com vacina, distanciamento entre as pessoas e atitudes responsáveis dos governantes e da população.
BOLETIM
Entre as mortes anunciadas nesta quinta, o primeiro óbito é de uma mulher, de 73 anos, sem comorbidades, segundo notificação do hospital. Ela teve início de sintomas no dia 2 de junho e foi a óbito na segunda-feira, dia 7 de junho.
O segundo óbito é de uma mulher, de 65 anos, portadora de hipertensão arterial crônica, conforme notificação hospitalar. Ela iniciou sintomas no dia 17 de maio e foi a óbito no último dia 3 de junho.
O terceiro óbito é de uma mulher, de 66 anos, sem comorbidades, de acordo com notificação do hospital. Ela começou a ter sintomas no dia 13 de maio e foi a óbito na quarta-feira, dia 9 de junho.
O quarto óbito é de uma mulher, de 60 anos, sem comorbidades, segundo notificação hospitalar. Ela teve início de sintomas no dia 17 de maio e foi a óbito nesta quinta-feira, dia 10 de junho.
O quinto óbito é de uma mulher, de 28 anos, portadora de doença cardiovascular crônica e obesidade, conforme notificação hospitalar. Ela iniciou de sintomas no dia 13 de maio e foi a óbito na quarta-feira, dia 9 de junho.
O sexto óbito é de uma mulher, de 54 anos, portadora de doença cardiovascular crônica e obesidade, de acordo com notificação do hospital. Ela começou a ter sintomas no dia 11 de maio e foi a óbito na quarta-feira, dia 9 de junho.
E o sétimo óbito é de uma mulher, de 55 anos, portadora de doença pulmonar obstrutiva crônica, segundo notificação hospitalar. Ela teve início de sintomas no dia 29 de maio e foi a óbito no último dia 31 de maio.