Falta de leitos provoca ações por cirurgias em Marília
A falta de leitos em Marília, provocada pela superlotação de pacientes da Covid-19, tem levado ao cancelamento de cirurgias e outros procedimentos hospitalares na cidade.
Inicialmente, apenas cirurgias eletivas – ou seja, que não são urgentes – estavam sendo suspensas. No entanto, com o aumento das internações em decorrência da pandemia, a situação se agravou e os pacientes prejudicados se viram obrigados a recorrer à Justiça, a fim de garantir a continuidade dos tratamentos.
Um destes casos envolve uma operadora de caixa, de 29 anos, moradora do Jardim Maracá, na zona Norte de Marília. Mãe de cinco filhos que dependem de seu cuidado e sustento, ela está há dez meses afastada do trabalho.
A mulher sofreu um acidente com a moto que conduzia em junho do ano passado e precisou colocar pinos na perna direita, já que sofreu diversos ferimentos, inclusive, fratura exposta.
Ela foi atingida por um automóvel, que fugiu sem prestar socorro na avenida Calim Gádia, região Oeste da cidade.
Segundo um processo movido por ela, tal circunstância a impossibilitou e ainda a impede de se movimentar, tornando-a incapaz de trabalhar e desenvolver atividades diárias, como a higiene pessoal, por exemplo.
Após a colisão, a vítima foi levada ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (HC/Famema), onde iniciou seu tratamento.
CANCELAMENTO
Depois de ter pinos colocados na perna poucos dias após o acidente, outra cirurgia de estava agendada para ser realizada no dia 26 de março deste ano no Centro Especializado de Ortopedia e Traumatologia do HC/Famema, “para correção de pseudoartrose e placa ponte de tíbia direita”. O procedimento, porém, foi suspenso por “falta de leitos”, conforme justificativa assinada pelos próprios médicos da paciente.
De acordo com os advogados da mulher, não existe qualquer previsão para realização do procedimento cirúrgico.
Nesta terça-feira (6), uma decisão do juiz da Vara da Fazenda Pública de Marília, Walmir Idalêncio dos Santos Cruz, determinou solução para o problema. “Não é razoável que a autora fique simplesmente em casa, com dores, ferida operatória em cicatrização, fibrose local, discreta área com tecido de granulação sem secreção, no aguardo de leito, havendo solicitação de vaga com urgência para tanto”, apontou magistrado.
Com base nisso, Cruz determinou que seja realizada a cirurgia de correção necessária no HC/Famema “condicionada à disponibilidade de leitos” e “à existência de condições clínicas favoráveis para tanto, o que deverá ser avaliado de forma técnica pela equipe médica responsável pelo atendimento.”
HC/FAMEMA
A reportagem questionou o HC/Famema, por meio de sua assessoria de imprensa, sobre a quantidade de cirurgias já canceladas ou suspensas este ano em decorrência da falta de leitos. Em nota, a instituição informou que “não temos este levantamento para fornecer. As cirurgias eletivas estão suspensas devido à atual situação epidemiológica da Covid, assim como nos demais hospitais de Marília.”