Fome ameaça famílias de trabalhadores informais na pandemia
A fome ameaça cada vez mais famílias que antes viviam de trabalhos informais e agora estão escassos com a pandemia. São pessoas que não conseguem nem comprar o básico para uma refeição. A alta no preço dos alimentos impede inclusive a compra de itens essenciais, como arroz, feijão e óleo de soja.
O armário da diarista Ciléia Alves do Santos, de 38 anos, está quase vazio. Os alimentos que restam estão sendo racionados. Ela tem três crianças; dois gêmeos de 12 anos e um menino de apenas dois. “Não sei o que fazer. Estamos à espera de um milagre”, relata, preocupada.
Com a pandemia, ela não tem conseguido fazer faxina. As patroas que tinha estão com medo do coronavírus. A mulher recebe o Bolsa Família de R$ 280, que ainda precisa completar para pagar a prestação de R$ 300 pela casa popular onde mora.
O casamento de Ciléia não deu certo. “Separei pelos meus filhos. Aconteceram coisas que não dava para continuar (com o companheiro), por isso me separei. Vou lutar sozinha para dar um futuro a eles. Só não esperava essa pandemia”, conta.
Quando conseguia alguma faxina, os filhos mais velhos ajudavam nos cuidados com o mais novo. A mãe sabe que não é a situação ideal, mas não tinha alternativas. O coronavírus a obriga ficar em casa, mas a família teme não ter o que comer.
Casos como o de Ciléia ficam cada vez mais comuns no grupo de amigos voluntários do qual a comerciante Kelly Sousa faz parte.
“Estão aumentando muito as necessidades. É muito triste o que está acontecendo. Cada hora que chegamos em um bairro, para ajudar alguém, aparece mais umas três ou quatro histórias de gente sem renda, sem trabalho, com crianças. Queremos fortalecer essa corrente para ajudar pelo menos com o básico”, convoca.
Ajude
Ciléia mora na rua Álvaro Gradim, 128, no Parque da Vivendas. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (14) 9-9903-4067. Contato com Kelly, a voluntária que apresentou a família, pode ser feito pelo (14) 99784-5081.