Estado omite dados sobre fila de espera por UTI na região
Após revelação pelo Marília Notícia, no último dia 24 de março, de que ao menos 57 pessoas aguardavam vagas públicas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) na região de Marília, a Secretaria de Estado da Saúde optou por negar atualizações sobre a fila à imprensa.
Segundo o órgão, no Estado são cerca de 525 pedidos diários de leitos desse tipo aos hospitais. As vagas são disponibilizadas no sistema da Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), gerenciada pelo governo paulista.
Na região de Marília, conforme dados obtidos pelo Marília Notícia, são 174 leitos de UTI Covid pelo Sistema Único de Saúde (SUS), instalados em nove cidades e em 12 hospitais.
No município, especificamente, as vagas estão no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (HC/Famema), com 40 leitos; no Hospital Beneficente da Unimar (HBU), onde podem ser internadas até 26 pessoas pelo SUS e na Santa Casa, com 10 vagas.
Na microrregião de Adamantina, a Santa Casa local e a de Osvaldo Cruz, tem 19 leitos. O município de Assis oferta 20 vagas através do Hospital Regional e da Santa Casa, com 10 em cada instituição.
O Hospital São Lucas de Garça já suporta oito pacientes em UTI e deve subir para 10 até o final da semana; as Santas Casas de Paraguaçu Paulista (10 leitos), Ourinhos (15), Santa Cruz do Rio Pardo (10) e Tupã (15) completam a rede de terapia intensiva para Covid na região.
Ocupação
Na última segunda-feira (29), conforme apurou o MN, dos 174 leitos na região, 170 estavam ocupados. O sistema apontava duas vagas em Paraguaçu e apenas uma na Santa Casa de Marília.
Porém, fontes técnicas explicam que em poucas horas, o mapa de ocupação da rede oscila, em função dos óbitos e das transferências autorizadas pela Cross. Na prática, pelo tamanho da fila e o elevado tempo de internação, as vagas são cada vez mais raras.
Dados omitidos
Ao solicitar informações sobre a fila por UTI na região de Marília, a reportagem do MN recebeu a seguinte nota:
A demanda de transferências para casos de Covid-19 registradas na Cross cresceu 117% em comparação ao pico da pandemia: atualmente são cerca de 1,5 mil pedidos por dia, contra 690 em junho de 2020, quando foi o auge da primeira onda. Já houve mais de 190 mil regulações desde março do ano passado. Cerca de 35% das solicitações diárias referem-se a leitos de UTI.
A regulação depende da disponibilidade de leitos e de condição clínica adequada para que o paciente seja deslocado com segurança até o hospital de destino.
Impacto na rede hospitalar
A rede de saúde está impactada com o aumento de casos e internações. Hoje (29), mais de 31 mil pessoas estão internadas por suspeita ou confirmação de Covid-19. A taxa de ocupação hoje (29) é de 92,3% nos leitos de terapia intensiva exclusivos para a doença em todo o estado.
O Governo de SP tem investido na ampliação de leitos e somente neste mês anunciou a abertura de mais de 1 mil leitos e 12 hospitais de campanha. Até abril, o estado terá mais de 9,2 mil leitos de UTI, contra 3,5 mil antes da pandemia. Ainda assim, é importante que a população respeite a Fase Emergencial do Plano São Paulo, use máscaras, respeite o distanciamento social e fique em casa.
Sobre a Cross
A Central funciona 24 horas por dia como mediadora entre os serviços de origem e de destino. Seu papel não é criar leitos, mas auxiliar na identificação de uma vaga no hospital mais próximo e apto a cuidar do caso. Nenhuma negativa parte deste serviço, que é apenas intermediário. Cada solicitação é avaliada por médicos reguladores, sendo crucial a atualização do quadro clínico. Os óbitos podem ocorrer em virtude de quadros clínicos graves e rápida evolução negativa. É responsabilidade do serviço de origem manter o paciente assistido e estável previamente de forma a apresentar condições de transferência, bem como providenciar transporte.