Cemitério tem aumento no trabalho desde o início de março
Há 45 anos o pedreiro José Pires, de 61 anos, trabalha na conservação de jazigos no Cemitério da Saudade de Marília. O movimento na necrópole, segundo ele, nunca foi tão intenso como neste mês de março.
“Ontem (último dia 15) foram 13 enterros, hoje pelo menos oito. Que aumentou, não tenho dúvida. Nem tudo é Covid, mas a doença aumentou o movimento com certeza, está tendo muito enterro por aqui”, garante.
Isso não significa mais trabalho para Pires e os amigos José Toreto, 75 anos, e Aparecido Jardim, o ‘Cidão’, de 70, pedreiro há 34 anos na Saudade. Eles dependem que as famílias tenham dinheiro para pagar pelos serviços, que definitivamente não aumentaram.
Enquanto eles aguardam novos serviços, quem não para são os coveiros. Três funcionários se revezam na abertura das sepulturas. “Estamos fazendo mais gavetas e abrindo mais covas nessa parte do jardim, mas não é por causa do Covid. Ia ter que abrir mesmo. É o nosso serviço”, conta um deles.
O que mudou, explica uma fonte do Marília Notícia, foi o aumento de serviço especialmente nestes últimos 15 dias. “Não falta espaço e não estamos fazendo covas por causa da pandemia. Isso faz parte da rotina, mas tem dia que o serviço aumenta muito”, constatou.
Nem de longe, há de se falar em colapso no sistema funerário de Marília. O aumento da demanda, porém, já é realidade. A principal necrópole de Marília tem quatro sepultadores e 23 mil sepulturas. São cerca de 100 mil pessoas sepultadas por ali.