Marília tem o 13º melhor resultado entre cidades que salvaram vidas
Indicadores de instituições estaduais e federais apontam que a gestão da pandemia, em Marília, colocou o município entre as cidades mais eficientes na redução dos danos provocados pelo coronavírus.
Há quase um ano, quando o Brasil registrou a primeira morte, a expectativa da população é que os governos tomem medidas que possam tanto salvar vidas, quanto reduzir o impacto econômico na maior crise sanitária dos últimos 100 anos.
Números da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), órgão do governo do Estado de São Paulo, coloca Marília como a 13ª cidade paulista que menos perdeu vidas para o vírus.
O estudo considera municípios com mais de 100 mil habitantes. Em São Paulo, 81 cidades já atingiram essa população. Marília conta com 232 mil moradores, segundo a Fundação Seade. No IBGE, a projeção da população é 239 mil habitantes.
Para efeito estatístico, a taxa é obtida sobre a base de 100 mil moradores. Os dados apurados até esta quarta-feira (24) apontam que Marília tem taxa de 85 óbitos a cada 100 mil habitantes.
O melhor desempenho, entre as 81 cidades, é de Itatiba (região de Campinas), onde vivem 119.084 pessoas. A cidade perdeu 38 moradores a cada 100 mil.
São Caetano do Sul, na Região Metropolitana de São Paulo, teve mais perdas entre as cidades do levantamento. Lá foram 397 mortes atribuídas ao vírus, uma taxa de 262 óbitos a cada grupo de 100 mil moradores.
Transmissão da doença
Os números da Fundação Seade colocam Marília na 24ª posição entre os municípios (de um total de 81 cidades) que mais relataram casos positivos, proporcionalmente, à sua população.
A taxa de contaminados a cada 100 mil moradores atingiu 5.042 no município. São 11.728 casos positivos desde o início da pandemia.
O município com menor taxa é Itaquaquecetuba, na Região Metropolitana de São Paulo, que afirmou ter constatado 2.001 casos, a cada grupo de 100 mil habitantes.
Já a cidade com maior taxa de positivos é São José do Rio Preto, que identificou 10.390 casos positivos a cada 100 mil moradores.
É importante ressaltar que a prevalência da doença – número de casos sobre o total de moradores – é influenciada pelo número de testes que município faz, ou seja, a capacidade de detectar pessoas doentes e também assintomáticas. Por isso, indicador baixo nem sempre aponta a ausência do vírus no território.
Análise
Para o médico Carlos Alberto Eid, autor de estudos que mapearam taxa de óbitos e de casos proporcionais em municípios paulistas, os números podem refletir a gestão da pandemia – ao longo dos onze meses – além de fatores como rede de assistência à saúde.
Ele alerta, porém, que o fato da cidade ter, relativamente, taxas consideradas baixas não significa que não possam enfrentar momentos críticos.
“Araraquara, por exemplo, é uma cidade que está sofrendo com aumento de casos, internações e mortes. Está em lockdown. E trata-se de um dos municípios com a menor taxa de óbitos do Estado (5º menor), mas está vivendo uma fase complicada, que exige a conscientização das pessoas”, alerta.
Eid defende que os dados da Fundação Seade, ao longo de onze meses, não refletem o momento de uma pandemia, na qual bastam alguns dias de relaxamento para grande propagação do vírus.
“O que aconteceu no final de dezembro, nas festas de final de ano, foi terrível para a maioria das cidades. O resultado foram muitas mortes em janeiro”, alertou.
O médico destaca, porém, os que os dados comparativos entre municípios são importantes para os gestores, porque permitem nortear ações do Poder Público.
Empregos
A gestão da pandemia, em relação a mitigação das perdas econômicas, também teve resultados melhores em Marília do que na maioria das cidades.
Mesmo com a crise sanitária e cidade fechada por meses, o município encerrou 2020 com saldo positivo de 2.196 empregos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.
A cidade somou 24.809 admissões contra 22.613 desligamentos. Os setores que mais se destacaram foram o de serviços, com saldo positivo de 1.857.
O segmento fez 13.642 admissões e 11.785 demissões. A indústria teve saldo positivo de 480 empregos, com 3.634 contratados e 3.154 desligamentos.
A construção civil também teve resultado positivo, com saldo de 92 vagas (1.378 admissões e 1.286 demissões).
O prefeito Daniel Alonso (PSDB) atribuiu o resultado à resistência dos setores positivos e à gestão pública municipal, que apresentou melhora na confiança e transparência, atraindo empresários e apoiando o fomento ao trabalho.
“Mesmo com a pandemia, a nossa cidade conseguiu números expressivos, com saldo positivo de empregos em um momento tão delicado na economia nacional. Isto demonstra que Marília está no caminho certo”, disse o chefe do Executivo.
O Estado de São Paulo teve estagnação no ano e fechou 1.159 vagas com carteira assinada (-0,3%) no ano.
Os dados nacionais indicam que o País ‘patinou’ no quesito emprego, com apenas 143 mil postos formais a mais (+0,4%). O número, estatisticamente, também foi considerado em cima da linha da estabilidade.