Psicólogo confessa a morte de mulher e acusa enteada de matar irmã
O psicólogo Fabrício Buim Arena, de 36 anos, preso pela morte da esposa Cristiane Arena, e da enteada de nove anos, Karoline, confessou pelo menos um dos crimes. A informação é da Polícia Civil de Pompeia (distante 30 quilômetros de Marília), cidade onde os homicídios aconteceram.
O delegado Cláudio Anunciato Filho, em entrevista no início dessa tarde em Campo Grande (MS), onde Fabrício foi preso, disse que o homem apresentou uma versão de legítima defesa e ainda sugeriu que a criança foi morta pela própria irmã, uma adolescente de 16 anos, suspeita de participação.
“Ele disse que após perder o emprego, a esposa, Cristiane, estava muito alterada. Falou que um dia, quando ele chegou em casa, ela brigou com ele e tentou agredi-lo com um canivete. É uma versão de legítima defesa, a qual não acreditamos”, disse Anunciato.
O delegado afirmou ainda que Fabrício foi questionado sobre a morte de Karoline e teria sugerido que a menina foi morta pela irmã, com um golpe na cabeça, mas sem dar detalhes.
“A menina teria ficado perguntando muito pela mãe, na versão dele, e isso teria irritado a adolescente, que acabou matando a criança”, afirmou o delegado.
Violência sexual
O psicólogo, ainda segundo a polícia, teria admitido relações sexuais com sua enteada de 16 anos. “Quando a menina fez 15 anos, segundo ele, teria começado a ter relações com ela quando a mãe saía para trabalhar. Mas ele alega que seriam relações consentidas”, relatou o delegado.
O depoimento prestado por Fabrício em Campo Grande ao delegado responsável pelo caso já tem validade para inquérito, mas poderá haver nova oitiva do acusado.
A Polícia Civil vai confrontar a versão dele com provas técnicas e informações de testemunhas. A equipe ainda pretende aprofundar as investigações e esclarecer vários pontos nebulosos, como por exemplo a morte da menina de nove anos.
Prisão
Fabrício Buim foi preso no início da noite desta segunda-feira, na periferia de Campo Grande, após pedir serviço em uma obra residencial. Ele foi reconhecido por um morador, que avisou a Guarda Civil Metropolitana.
Ele estava com sua própria Carteira Nacional de Habilitação (CNH), mas antes de ser revistado e ter o documento localizado, deu nome falso aos guardas. Tentou usar o mesmo nome que havia informado ao responsável pela obra, onde conseguiu serviço.
A Polícia Civil de Pompeia aguarda a liberação da Justiça do Mato Grosso do Sul para o transporte do preso até a Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Marília, de onde Fabrício deve seguir para uma unidade prisional da região.
O crime
Cristiane Arena, de 34 anos, e Karoline Vitória, de apenas nove anos, foram assassinadas e enterradas no quintal de uma residência no bairro Distrito Industrial em Pompeia. A suspeita é que Fabrício tenha agido junto com sua outra enteada, de 16 anos.
A mãe estava sob um contrapiso que havia sido feito recentemente para ocultar o corpo. Já a menina em uma cova mais profunda, próximo de uma árvore e uma piscina, sendo necessário o uso de uma escavadeira para retirar o corpo.
As duas estavam desaparecidas desde o fim do ano passado. A polícia começou a investigar o caso após receber, através do Conselho Tutelar, denúncia de suposto cárcere privado. Os policiais se dirigiram até o imóvel diversas vezes, até localizarem na residência apenas o homem e a outra enteada.
Os dois afirmaram à polícia que Cristiane havia abandonado a casa junto com Karoline para morar com outro homem. A adolescente teria confirmado a versão de abandono por parte da mãe.
Enquanto Cristiane estava desaparecida, a irmã dela usava as redes sociais para tentar encontrá-la. A mulher chegou a declarar em vídeos que não acreditava que Cristiane tivesse desaparecido. Ela também afirmou que a sobrinha de 16 anos estava se relacionando com o padrasto.
Durantes as investigações os policiais constataram que o padrasto e a enteada tinham movimentado a conta corrente de Cristiane, inclusive sacando dinheiro da conta dela.
A descoberta gerou desconfiança da polícia, que foi até a residência e notou um novo concreto no quintal, reforçando ainda mais a hipótese de um possível crime.
Detida, a adolescente se recusou a falar. Os exames necroscópicos vão determinar as causas das mortes, que inicialmente seria facadas em Cristiane e golpe na cabeça da filha.
Os laudos também vão esclarecer há quanto tempo elas estavam sepultadas na própria casa.