Leito de UTI Covid custa R$ 1,6 mil por dia aos cofres públicos, diz Saúde
O custo diário de cada leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para atender pacientes com Covid-19, é de R$ 1,6 mil. O valor da despesa e outras informações foram compartilhadas pelo secretário municipal da Saúde de Marília, Cássio Luiz Pinto Junior, durante audiência ontem (20) na Câmara Municipal.
O valor é o dobro do leito de UTI para outras doenças, pelo qual o Sistema Único de Saúde (SUS) paga R$ 800 por dia aos conveniados. O motivo, segundo Cássio, são as especificações de equipamentos e recursos humanos para lidar com um paciente infectado pela Covid-19.
A diária de R$ 1,6 mil tem que ser paga pelo município por cada leito credenciado estando ocupado ou não, já que os hospitais têm custos fixos com a estrutura montada. Em reportagem recente, o Marília Notícia mostrou que a maior parte desses recursos foi para os hospitais.
Atualmente a Prefeitura de Marília paga por 30 leitos de UTI SUS Covid credenciados, sendo 20 no Hospital Beneficente Unimar e 10 na Santa Casa.
Os outros 30 leitos da rede pública instalados na cidade são de responsabilidade do Estado, através do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina de Marília (Famema)
Prestação de contas
A audiência, que teve foco no uso dos recursos recebidos pelo município em função da pandemia, foi realizada à convite do vereador Júnior Féfin (PSL) e contou com a participação da maioria dos parlamentares.
Nas discussões e questionamentos, várias perguntas sobre gastos e prioridades, com momentos de críticas contundentes – pelos vereadores – ao governador João Doria (PSDB).
O mandatário estadual foi citado tanto pela decisão de regredir a região de Marília no Plano SP, quanto pela cerimônia que envolveu a aplicação da primeira dose da Coronavac em Marília. Aglomeração e uso político do ato foram repudiados
O secretário da saúde, ao responder pergunta de Féfin sobre credenciamento de mais leitos de UTI, após oferta do Hospital da Unimar, afirmou que não havia, por parte do município, condições de fazer o credenciamento de uma estrutura que “não estava pronta”.
Féfin apontou que o credenciamento poderia ter elevado a oferta de leitos e evitado a fase vermelha na reclassificação.
“O hospital ofereceu para o município mais dez leitos, porém não tinha equipamentos e não tinha RH (Recursos Humanos). Como é que vai habilitar? O município pactua a criação de leitos com os prestadores, cabe ao prestador entregar o equipamento pronto”, disse Cássio.
Durante a apresentação, foram detalhados gastos como a soma de todas as diárias de UTI pagas na cidade em função da pandemia.
Desde o início da crise foram repassados aos hospitais R$ 3,8 milhões referentes aos leitos. O município ainda deve destinar, para manter as vagas em terapia intensiva, mais 1,9 milhão em recursos federais.
Outros R$ 7,4 milhões foram gastos com ações de testagens na cidade – tanto na aplicação de testes em massa como nas unidades básicas referência e unidades de pronto atendimento.
O secretário também esclareceu que foram utilizados recursos de transferências federais, motivadas pela emergência sanitária, para pagamento de servidores da área da saúde.
Além dos custeios que o município pagou, a Prefeitura também repassou recursos carimbados aos hospitais filantrópicos e beneficentes da cidade, para compra de insumos, aparelhos e equipamentos de proteção individual, entre outros projetos aprovados pelo Conselho Municipal da Saúde.
O coordenador do Fundo Municipal da Saúde informou que, dos R$ 140 milhões recebidos em recursos federais pela pasta em 2020, um total de R$ 34 milhões foram específicos para fazer frente à pandemia.
O valor global inclui todo o custeio de Atenção Básica (postos de saúde), farmácias municipais e também os atendimentos de média e alta complexidade para outras doenças, além de vigilância epidemiológica e sanitária.
Já nos R$ 34 milhões exclusivos da pandemia, estão os valores repassados diretamente aos hospitais para se prepararem para a crise, além dos valores que a Prefeitura utiliza para compra de serviços (diárias em leitos clínicos e de UTI, exames, medicamentos), testagens, EPIs, entre outras despesas.