Médicos fazem alerta sobre lotação e cobram população
Publicação de uma médica de Marília, em rede social, chamou a atenção para o comportamento de parte da população, o colapso no sistema de saúde e a dor das famílias que estão enfrentando perdas. A publicação teve apoio de outros médicos e relato de lotação na saúde.
Na manhã do último sábado (9), publicação da médica Ana Carolina Amaral, que trabalha no Pronto Atendimento da Santa Casa de Marília, repercutiu entre profissionais de saúde e populares.
O desabafo dela recebeu comentários de pacientes que passaram por atendimento e sentiram o drama de quem está na linha de frente.
Em outro trecho, Carolina compara a Covid-19 com uma “roleta russa”, em que não é possível saber quem poderá ser a próxima vítima fatal da doença.
“O que será que vamos fazer pelo próximo? Onde está empatia? Eu particularmente estou esgotada, física e emocionalmente”, relata.
A postagem recebeu comentário da também médica plantonista Astrid Jircik, que atua no mesmo hospital.
“…cansada de ouvir ‘faz meses que não saio de casa’ dentro de um hospital, enquanto penso ‘como vou dizer pra vó de 85 anos que ela não vai pra uti??’. Sim, a escolha chegou! Espero que essas pessoas imprudentes pelo menos reflitam quando ocuparem o leito de quem não tinha culpa”, escreveu a médica, ao prever o risco do colapso.
O vice provedor do hospital, Norival Carneiro, também se manifestou.
“Vocês são verdadeiras guerreiras nessa luta incansável, lutando dia e noite para salvar vidas… a população não tem noção do trabalho dessas guerreiras juntamente com todo corpo de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogas, pessoal da higienização, alimentação e outros”, escreveu.
O esgotamento – tanto de recursos humanos quanto leitos – não é exclusividade da Santa Casa de Marília. O médico Luciano Vicentini, que atua no Hospital das Clínicas de Marília, também comentou e relatou que a instituição está no limite.
“Situação caótica aqui no HC, já estamos com um paciente entubado no PS, sem perspectivas de leito. Ou as pessoas se conscientizam ou a situação vai piorar muito”, escreveu.