MP mira Albuquerque e Codemar após denúncia
O Ministério Público de Marília vai investigar denúncia de nepotismo – cargo para familiares – envolvendo o vereador José Carlos Albuquerque (PSDB) e a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Marília (Codemar).
Representação recebida pela promotoria aponta que o policial da reserva teria assumido o posto de líder do governo Daniel na Câmara, em troca do cargo comissionado para um de seus filhos.
A denúncia contra o vereador, o filho Adriano Lins Albuquerque e o presidente da Codemar, Claudirlei Santiago Domingues, conhecido como ‘Tatá’, chegou à promotoria através de Eduardo Garcia Rodrigues, o ‘Alemão Lobato’.
Ligado ao ex-prefeito Abelardo Camarinha (Podemos), Alemão foi autor de uma série de pedidos de Comissão Processante (CP) contra o prefeito Daniel Alonso (PSDB) e outras denúncias, maioria já arquivada.
Na representação, ele aponta que Adriano foi nomeado para o cargo comissionado de assessor do presidente da Companhia. Portaria foi publicada no dia 27 de dezembro do ano passado, assinada por Claudirlei.
Pouco tempo depois, segundo a denúncia, Albuquerque teria aceito a função de líder do governo na Câmara Municipal. Durante a “janela partidária” – em que os políticos podem mudar de partido sem perder os cargos – ele migrou para o PSDB, legenda pela qual foi candidato, mas não conseguiu se reeleger.
O promotor do Patrimônio Público, Oriel da Rocha Queiroz, determinou diligências, “visando a completa apuração dos fatos”. Após a fase preliminar, o inquérito pode ser arquivado ou gerar ação de improbidade administrativa – por violação de princípios da administração pública.
Albuquerque, o filho dele (Adriano) e o presidente da Codemar poderão interpor recurso contra a instauração do inquérito no prazo máximo de cinco dias, após serem notificados.
Em seu Portal da Transparência, a Companhia não publica a relação de servidores e nem os salários recebidos.
Outro lado
Questionado pelo Marília Notícia, o vereador José Carlos Albuquerque disse que o registro do filho na Codemar já tem seis anos, iniciado na gestão Vinícius Camarinha, quando o PM da reserva não era vereador.
“Foi aberto há uns três anos (uma investigação) e foi arquivada. Essa denúncia não vai ter alcance nenhum, até porque assumir cargo de líder do prefeito na Câmara… não vejo nenhuma vantagem. Assumi porque não tinha outra pessoa”, disse o vereador.
Albuquerque disse que jamais faria qualquer troca com o Executivo. “Ficar devendo favor não é um bom negócio. Os princípios de educação e de família que eu tenho, não me permitiriam”, garantiu.
Sobre a nomeação em 2019, o vereador justificou. “Houve mudança na nomenclatura dos cargos da Codemar porque o próprio Ministério Público pediu essa alteração, mas ele já estava lá. Não entrou por minha interferência. Eu nem era vereador”, reiterou.
O presidente da Codemar, Claudirlei Santiago, disse que soube da nova apuração pela imprensa. “Vai ser arquivada”, sentenciou. “Já teve uma apuração nesse sentido e o ingresso do servidor é anterior à posse do pai na Câmara”, disse Tatá.