Daniel Alonso é reeleito prefeito de Marília com vitória esmagadora
Daniel Alonso (PSDB) venceu e não foi de raspão, como há quatro anos. Com 100% das urnas apuradas, a reeleição do tucano em 2020 foi uma vitória acachapante, alimentada pela aprovação de seu próprio governo, que cresceu e se renovou durante a pandemia. O prefeito reeleito teve 50,43% dos votos válidos.
Com 55.060 votos, Daniel teve pouco mais de 20 mil votos a mais que Abelardo Camarinha (Podemos), que concorreu mesmo com o registro indeferido pela Justiça e recebeu 35.006 votos – 32,06%.
A polarização aparente em toda a fase de campanha não se confirmou nas urnas. A vantagem de Daniel superou as expectativas do grupo do PSDB e deixou os adversários surpresos.
Ainda que a campanha tenha sido marcada pela queda de um ex-líder popular na cidade, a margem de votos a favor do empresário não deixa dúvidas de que Alonso ganhou força e teve seu governo aprovado por parte significativa dos marilienses.
A discussão sobre a inelegibilidade do antigo político ocupou muito o noticiário e deixou pouco espaço no debate público para outros candidatos, os mais prejudicados pela insistência de Camarinha em participar da eleição, mesmo sem ter condições legais.
Daniel agradeceu os votos recebidos e falou em novos tempos. “Agradeço a toda a população de Marilia, principalmente aqueles que acreditam no trabalho do prefeito Daniel, que apoiaram, principalmente nesse momento difícil de campanha”, disse.
Ele comentou também a dificuldade de disputar uma eleição na cidade. “Todos sabem que o período de campanha em Marilia é turbulento demais, até sangrento, mas graças a Deus a população soube reconhecer, teve sensatez e na hora de votar reconheceu o trabalho do prefeito e, principalmente o que podemos fazer, o que vamos fazer”, garantiu.
Alonso afirma ter “plano de transformação para a cidade”, que começa no plano politico. “É no jeito de fazer política, no campo da gestão, de administração, da forma de aplicar o recurso público, o dinheiro, o imposto de cada um. Essa eficiência é que fez a população enxergar e dar a nós mais quatro anos, para concluir o ciclo de transformação”, avaliou.
O prefeito falou ainda em um “divisor de águas” para a cidade. “Essa decisão de voto hoje irá refletir positivamente e será divisor de águas na cidade de Marilia, para um futuro próspero, onde todos terão oportunidade de viver em uma cidade próspera, onde todos tenham condições de felicidade”, garantiu.
Resistência
Do outro lado, Camarinha se mostrou inconformado com o resultado. O político, que tradicionalmente gosta de antecipar os resultados da eleição, antes da apuração e totalização pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), admitiu a derrota em números, mas “caiu atirando”.
Em entrevista em frente à escola onde votou seu vice, Paulo Alves (Progressistas), por volta das 16h30 o ex-prefeito já havia admitido a derrota, com base em sondagens informais que realiza.
Mais tarde, em uma emissora de canal fechado, reclamou da atuação da imprensa (de forma generalizada), da Justiça Eleitoral e do candidato vencedor.
“Me arrependo de há 20, 30 dias atrás não ter me afastado do processo eleitoral. Eu percebi e chamei meu advogado. Fui convencido pelo pessoal de boa intenção que achava que não existia… Mas tinha uma organização criminosa na eleição”, acusou o candidato derrotado e impugnado.
Foi a primeira eleição que Camarinha disputou sem suporte de um grande grupo de comunicação cooptado em seu favor. Vale lembrar que ele é réu em processo que apura uso de laranjas, crimes fiscais e vários delitos envolvendo a extinta Central Marília Notícias (CMN).
Página virada
Daniel Alonso, que durante o primeiro mandato cometeu vários erros típicos de um neófito na política, quer agora deixar o velho cacique no passado.
Nos segundo mandato, ele espera enfrentar uma oposição menos afoita ao processo eleitoral. Durante toda a sua gestão, o prefeito relatou a sensação de “terceiro turno forçado” e antecipação de disputas.
O segundo mandato de Alonso terá muitos desafios. Entre os quais, os mais complexos serão a pressão social e empobrecimento que ainda pode decorrer da pandemia e o rombo do Instituto de Previdência do Município de Marília (Ipremm), além do aumento de custo para a administração.
A cidade terá ainda algumas faturas para pagar, como a operação das Estações de Tratamento de Esgoto – que ainda estão parcialmente sob a responsabilidade da construtora – e vão gerar expressivo aumento de despesas para o Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem).
O principal legado que Daniel poderá deixar daqui há quatro anos será a abertura de espaço para alternância na Prefeitura e o fim dos “clãs eleitorais”, com tentativas de perpetuação de poder.
Votação
Daniel Alonso (PSDB) – 55.060 votos (50,43%)
Abelardo Camarinha (Podemos) – 35.006 votos (32,06%)
Juliano da Campestre (PRTB) – 8.464 votos (7,75%)
Nayara Mazini (PSOL) – 5.498 votos (5,04%)
Capitão Eliton (PV) – 1.732 votos (1,59%)
Professor Juvenal (PT) – 1.336 votos (1,22%)
Regiane Mellos (PSL) – 1.179 votos (1,08%)
Adão Brito (PDT) – 787 votos (0,72%)
Lilian Miranda (PCO) – 122 votos (0,11%)