Cristal confirma versão de Daniela e isenta vereadora de episódio com PM
O depoimento da comandante do 9º Batalhão da Polícia Militar do Interior, tenente-coronel Márcia Cristina Cristal, à Comissão Processante (CP) instaurada pela Câmara de Marília para apurar suposta quebra de decoro da vereadora Daniela D’Ávila, do Partido Liberal (PL), confirmou a versão da parlamentar, que nega tráfico de influência.
Cristal foi enfática e afirmou que a vereadora não pediu nenhum tipo de favorecimento. A ligação, conforme a militar, teve o objetivo de fazer uma consulta sobre a possibilidade, ou não, do veículo abordado ser liberado mediante a autuação e apreensão dos documentos.
“Quando assumi o comando do batalhão, o telefone corporativo foi passado a algumas autoridades do município”, disse a comandante. “Ela (Daniela) ligou apenas para fazer uma consulta, em nenhum momento fez outra solicitação”, disse a militar.
Cristal disse ainda que entrou em contato com o sargento Alan Fabrício por dever de ofício. Ela afirmou que poderia cometer prevaricação (deixar de cumprir obrigação como servidora), diante da informação de que o policial poderia estar aplicando medida diferente do que é legalmente previsto.
A tenente-coronel mencionou a Ordem de Serviço vigente da Polícia Militar – há mais de quatro anos – que prevê medidas diferentes para casos de licenciamento vencido há menos de 30 dias. No caso da vereadora, o documento estava com data superada em apenas 15 dias.
Conforme Cristal, houve também outra situação na ocorrência (sob apuração interna) que não legitima a apreensão: análise pericial do Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo atestou que os pneus tinham condições de rodagem, segundo a comandante.
“O que se apura aqui é uma suposta intenção. É importante que isso fique bem claro aos senhores”, afirmou Cristal.
A comandante do batalhão esteve acompanhada do advogado Fernando Marcos Bigeschi (policial militar da reserva), que apontou exposição indevida da cliente, o que poderia acarretar responsabilidade aos envolvidos no episódio (vazamento e veiculação de conteúdo).
O batalhão da PM em Marília justificou as ausências de dois oficias convocados pela Câmara Municipal. Um tenente, que participou de inspeção no veículo apreendido (no pátio) está afastado do trabalho por motivo de saúde.
Ponto para Daniela
Se a guerra ainda não acabou, a última batalha foi favorável à Daniela. O depoimento da comandante do batalhão, que não havia comparecido na convocação anterior, virou um trunfo para a vereadora.
Até aqui, todas as declarações da militar e da parlamentar são convergentes. Nos bastidores, mesmo com a contaminação do caso pelo período eleitoral, já é observada tendência da Câmara admitir um parecer que aponte para o arquivamento do caso.
Ao longo das investigações, mesmo com a declaração do sargento indicando que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevaleceu, não foi comprovado que a vereadora usou do cargo para tentar favorecimento pessoal.
A vereadora professora Daniela falou ao Marília Notícia. Ela se queixou de ter sido ‘escrachada’, durante mais de 60 dias, “passando por todo tipo de humilhação e ofensas”, em função do episódio e a interpretação dos fatos.
“Foi muito difícil para mim e até para minha família, para os meus amigos. Eu sempre esperei essa verdade. Nunca houve outra versão. Sempre foi essa a versão, essa é a verdade”, garantiu.
Daniela disse esperar que a Câmara tenha “bom senso” e leve em consideração que o caso acabou sendo explorado politicamente, de forma indevida, na visão da professora.
“Uma inverdade estava se prolongando, na exploração política desse caso, por isso foi muito importante a fala da comandante hoje”, finalizou a vereadora.