Escândalo dos tablets: polícia irá investigar possíveis novos crimes
Empresas envolvidas no chamado ‘escândalo dos tablets’ foram alvo de um pedido de investigação complementar, feito nos últimos dias pelo Ministério Público Estadual (MPE) aos responsáveis pela Delegacia Seccional de Marília.
No mês passado o Marília Notícia mostrou que a Justiça Federal concluiu a remessa de documentos envolvendo o caso para a Justiça Estadual.
O objetivo é apurar supostos crimes praticados por Fauzi Auzifakhouri Junior, Vinícius Vieira Dia da Cruz, Murilo de Oliveira Melo, Alexandre Ribeiro de Jesus e Luiz Felipe Esteve Freitas.
Em tese eles estariam envolvidos em desvio de recursos públicos municipais por intermédio das empresas Kao, W3, Matzarha, Mom e Lunny, em procedimentos licitatórios da Prefeitura de Marília e da Câmara de Marília desde 2013.
Isso quer dizer que supostos esquemas criminosos podem ir muito além da venda apontada como superfaturada de tablets para a Secretaria da Saúde de Marília.
Fauzi é proprietário da Kao, empresa que forneceu os aparelhos com suposto sobrepreço, e cunhado do vereador Danilo Bigeschi (PSB), que também está no banco dos réus, assim como Hélio Benetti e o ex-prefeito e deputado estadual Vinicius Camarinha.
Danilo e Hélio ocuparam durante a gestão passada o cargo de secretário da Saúde. Existe inclusive a suspeita de que o dinheiro supostamente desviado teria abastecido a candidatura de Danilo em 2016. Hoje ele é candidato à reeleição.
Entenda
Segundo a documentação já obtida pela Justiça, “os averiguados associaram-se entre si em organização estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com o objetivo de obter vantagem mediante a prática de crimes de peculato”.
Eles também teriam cometido: “falsificação de documento, falsidade ideológica e uso de documento falso; corrupção; dispensa/inexigibilidade indevida, fraude ao caráter competitivo e superfaturamento de licitações e lavagem de dinheiro ou ocultação de valores”.
A investigação teve início a partir de informações trazidas pela entidade Marília Transparente – Matra.
No decorrer das apurações sobre o ‘escândalo dos tablets’, segundo a promotoria estadual, “verificou-se que os averiguados, através das referidas empresas, participaram de outros procedimentos licitatórios das Prefeituras de Marília, Lins, Guarulhos e São Vicente, bem como da Câmara Municipal de Marília; fatos que podem caracterizar a prática de crimes”.
Parte do caso segue com a Justiça Federal, pois envolve recursos da União. No entanto, a utilização de verbas municipais acabou implicando na remessa de parte da investigação para a Justiça do Estado.
Agora o foco é na apuração de eventuais crimes de fraude à licitação, peculato e outros, envolvendo procedimentos licitatórios da Prefeitura e Câmara de Marília, “sem excluir a possibilidade de existirem outras pessoas envolvidas nos ilícitos, tudo a ser devidamente apurado pela autoridade policial”.
Pode existir irregularidade, por exemplo, em contratos de consultoria na área de telecomunicações.
Outro lado
O MN não conseguiu contato com os representantes das empresas citadas nesta matéria. O espaço está aberto para manifestação.