‘Como a cura era o transplante, doei meu rim’, conta mãe
O mês de conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos – “Setembro Verde” – terá um desafio a mais em 2020. A pandemia do coronavírus derrubou as doações pela metade no país, entre março e agosto. No mesmo período, a fila de espera cresceu cerca de 30%.
Em contraponto à essa realidade, o drama dos transplantes é também cheio de histórias de superação, como a da mariliense que recebeu dois órgãos, um da mãe e outro de uma irmã.
Pandemia
Em Marília, onde funciona um centro de referência em transplante renal, o número de rins transplantados teve queda de 73% no ano da pandemia; saiu de 22 em 2019 para apenas seis, de janeiro a agosto de 2020.
A compatibilidade e a atitude de generosidade – no caso do rim, pode ser doador vivo – é fundamental para que histórias como a funcionária pública Lucineia Gomes Corrêa, 43 anos, tenham final feliz.
Ela é o único caso, no registro da Santa Casa de Marília, de duplo transplante entre familiares. Lucineia recebeu um rim da mãe, mas houve rejeição. Ela precisou fazer uma segunda cirurgia e recebeu o rim da irmã Vanessa Gomes, 41 anos, também funcionária pública.
“Eu tive a rejeição provocada pelo próprio medicamento, que era para evitar a rejeição. É ‘aquele 1%’ que pode acontecer. A segunda cirurgia foi feita em 2013 e deu tudo certo. Sou muito grata a atitude delas, da minha família”, disse a mariliense.
Aparecida Ramos Gomes, 62, mãe de Lucineia, conta que nunca tinha ouvido falar na doença da filha. “Ela começou a fazer hemodiálise e perguntamos se tinha cura. O médico disse que a cura era o transplante. Aí e optei por doar”, conta a aposentada.
Após a frustração, devido a rejeição do órgão que doou, Aparecida teve a alegria de ver o gesto de generosidade se repetir na família, quando Vanessa fez a doação à Lucineia.
Ações
Este mês, uma série de ações é organizada pelo Serviço de Procura de Órgãos e Tecidos (SPOT) do Hospital das Clínicas (HC). A unidade é responsável pela captação de múltiplos órgãos, em grande parte do Interior do Estado.
Além disso, a instituição também é referência para cirurgias de transplantes de córneas. Um novo projeto, anunciado em julho, tem a intenção de criar um centro de transplantes de fígado no HC.
Já na Santa Casa de Marília funcionam a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) e também o serviço de transplante renal. São quase 40 anos de tradição na especialidade.
Para marcar o “Setembro Verde”, os hospitais e também outras instituições de Saúde realizam eventos – respeitando o protocolo de distanciamento social. Mais informações podem ser obtidas nos sites www.santacasamarilia.com.br e www.hc.famema.br .