Professores se reinventam para criar novos ambientes de aprendizado
Reaprender a ensinar tem sido o desafio dos educadores na pandemia. Cada um em sua casa, os professores seguem atuantes e com o desafio de reduzir o impacto da quarentena no aprendizado. Alguns, porém, têm se destacado e chamado a atenção pela criatividade. O giz e a lousa deram lugar ao audiovisual e à imaginação.
A mariliense Marcela Peron Fernandes, que leciona na Escola Municipal de Ensino Fundamental de Pompéia (Emef), conhecida como “Grupão”, tem despertado admiração nas redes sociais.
Em uma das mais recentes atividades, Marcela propôs que os alunos reproduzissem pinturas famosas de Dom Pedro I, símbolo da Independência. As imagens surpreenderam, divertiram e, sobretudo, ensinam a turma sobre a história do país.
A própria professora também entrou na brincadeira e apresentou a sua versão imperial. “Procuro alegrar junto ao aprendizado. Estamos em um momento difícil nas escolas, então… brincando eles aprendem muito. Tenho certeza que a história da Independência do Brasil nunca mais será a mesma para eles”, disse.
Mas nem sempre foi assim, tão natural. A educadora comentou o processo de adaptação. “Não foi algo rápido não. Até porque eu mesma demorei para aceitar esse novo método de aula. Além disso, sinceramente não sabia como dar aula dessa maneira. Não conhecia os recursos”, relatou.
A professora investiu em pesquisas e hoje dá aulas online tranquilamente. Ela criou um site próprio, onde os alunos têm acesso a todos os conteúdos ministrados nas aulas e realizam atividades.
A participação, segundo Marcela, que leciona múltiplas disciplinas (4º ano) é grande. “Tenho 98% de adesão. Os alunos fazem atividades diariamente através da página. Os pais ou responsáveis têm controle através de senha, para acompanhar”.
Em outra atividade, Marcela propôs um festival online de talentos. Com os posts feitos pela professora e a repercussão na internet, os pais sentem o esforço da profissional e o resultado do trabalho.
Todos que participam do ambiente escolar podem contribuir. Em Marília, a Auxiliar de Desenvolvimento Escolar (ADE) e aluna do curso de Pedagogia, Andreia Mattos, de 32 anos, usou as habilidades como maquiadora e iniciou uma nova atividade – com o apoio da direção da escola municipal ‘Raio de Sol’, onde trabalha.
“Eu precisava fazer um trabalho acadêmico, que envolvesse as crianças. Mas com a pandemia, tinha que ser algo que pudesse ser feito remotamente, então surgiu a ideia de aliar a maquiagem, que eu amo, com a histórias contadas em vídeo”, relatou a criadora do canal Tia Andreia Conta.
A diretora da escola, Ellen Alves Matsushita, abraçou a ideia. “Compartilhamos com as nossas crianças e depois outros colegas de diferentes escolas viram, chegou na secretaria, fez muito sucesso. Publicamos, disponibilizamos para outras escolas também utilizarem o conteúdo. Está sendo muito legal”, contou a diretora, que também cedeu à maquiagem e dá vida a personagens nos vídeos produzidos por Andreia.
Com as iniciativas de educadores criativos como Marcela (em Pompeia), Andreia e Ellen (em Marília), os pais e responsáveis sentem o ensino remoto mais eficiente, na comparação com o período inicial da pandemia.
Para a bibliotecária Rute Relvas, mãe de Abner (10 anos), a evolução foi grande. “Essas novidades têm despertado o interesse dele no estudo. Vejo mais entusiasmo e dedicação”, disse ao Marília Notícia.
Para Marcela, o esforço de reinvenção faz parte do ofício. “Como professora, trabalho para ajudar ao máximo meus alunos. E esse máximo, ainda, vejo como o mínimo. Amo minha profissão”, concluiu.