Polícia Civil investiga compra de água de coco por Vinicius
Tramita desde o começo do ano na Polícia Civil uma investigação que apura a suposta ocorrência de crimes contra a lei de licitações na Prefeitura de Marília, durante a gestão do deputado estadual e ex-prefeito Vinicius Camarinha (PSB).
A suspeita envolve a compra de 2.650 copos de água de coco por meio de dispensa de licitação no valor total de R$ 11.295 no final de 2016 com recursos da Secretaria de Saúde. O teto para esse tipo de procedimento na época era de R$ 8 mil.
Aos delegados responsáveis pelo caso, a fornecedora afirmou que “não é comum o fornecimento de água de coco para Prefeituras” e disse que “se tem alguma irregularidade”, ela “não tem envolvimento algum”.
A água de coco foi comprada entre os meses de novembro e dezembro do último ano de Vinicius na Prefeitura, quando a cidade vivia uma situação de caos, com lixo espalhado pelas ruas por conta da falta de pagamento para a empresa responsável pela coleta – além de outros fornecedores.
Segundo depoimentos colhidos pela Polícia Civil, a água de coco teria sido distribuída para convidados em eventos realizados pela administração municipal.
Quem frequentou o gabinete de Vinicius Camarinha quando prefeito sabe que ele recebia suas visitas oferecendo, justamente, água de coco.
Entre os investigados está o então chefe de gabinete de Vinicius, Hugo Claro, atual presidente municipal do partido Solidariedade – que deve fazer parte da coligação em apoio ao pré-candidato Abelardo Camarinha (Podemos) nas eleições deste ano.
Hugo Claro ainda não foi ouvido pelos delegados e investigadores, mas isso deve acontecer em breve. Recentemente houve mais um pedido de prorrogação do prazo das investigações e ele deve ficar para o final.
Apesar do recurso para pagamento ter saído possivelmente do Fundo Municipal da Saúde, chama a atenção que tenha sido o chefe de gabinete do prefeito o responsável por verificar e receber a água de coco e não um servidor da pasta responsável.
O caso também já foi alvo de apurações no Ministério Público de Marília, que encaminhou a investigação para a Polícia Civil no final do ano passado.
Os procedimentos foram iniciados após representação da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Marília Transparente (Matra).
A pandemia da Covid-19 tem atrapalhado o andamento das investigações. Além disso, a responsável pela empresa que forneceu a água de coco em 2016 deu trabalho para a Polícia Civil.
Seus advogados pediram para que o depoimento dela fosse adiado e foram necessárias três tentativas de notificações à mulher até que ela fosse finalmente ouvida.
Outro lado
Quando a apuração pelo MP veio à tona, Vinicius disse que se tratava de uma “denúncia política”, e a classificou como “insignificante e descabida”.
A reportagem procurou a assessoria do deputado para que ele se manifeste sobre a investigação da Polícia Civil. Vinicius Camarinha afirmou, por meio de nota, “que cada secretário, durante o seu governo municipal, tinha autonomia para tomar decisões, contratar e licitar serviços. Reitera que tem confiança que todo procedimento obedeceu às regras legais de licitação”.
A equipe do site também entrou em contato com Hugo Claro para que ele apresente sua versão do caso, mas não houve retorno. O espaço está aberto para a manifestação dos envolvidos.