Evolução da pandemia em Marília pode estar longe do pico
O estudo que relaciona o número de casos de Covid-19, em comparação com o tempo decorrido na pandemia, ainda indica uma curva ascendente em Marília.
De março até meados de maio, a pandemia avançou de forma praticamente linear, mas a partir de então o crescimento tem sido vertiginoso.
Para o pesquisador Vitor Engrácia Valenti, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Marília e pós-doutor em fisiopatologia, os dados mais recentes apontam que o chamado pico ainda não chegou na cidade.
“Para haver um indício de que o pico – mesmo com um platô – tenha sido atingido, é preciso uma estabilização da média móvel, ou seja, a média de novos casos diários por pelo menos sete dias. Essa variação não pode passar de 15% ao longo de pelo menos três semanas”, explica.
Outro indicador, diz Valenti, é a taxa de transmissão, que aponta grande propagação do vírus. Essa informação já é mais difícil de ser apurada, uma vez que depende também da oferta de testes, para que os assintomáticos também possam fazer parte das estatísticas.
Evolução da pandemia
Marília registrou o primeiro caso de coronavírus no dia 31 de março. O paciente veio de São Paulo com sintomas da doença, foi tratado e curado sem internação.
No dia 3 de abril a Prefeitura de Marília confirmou a primeira morte por coronavírus em um morador da cidade. O paciente de 83 anos morreu em Campinas, onde teria sido hospitalizado por decisão da família, mas teria contraído o vírus em Marília, após contato com um visitante.
Há pouco mais de quatro meses – 5 de abril – a cidade tinha dois casos, sendo um óbito. Um mês depois, eram 24 pessoas com a doença. O número de vítimas fatais se manteve estável.
No dia 5 de junho, o município atingiu um total de 121 casos de Covid-19, ainda com um único óbito.
A partir desse momento começaram surgir mais mortes e em 30 dias – até 5 de julho – a cidade já tinha 456 casos e 14 óbitos, um aumento de 376% no número de pessoas diagnosticadas com o vírus – com ou sem sintomas.
Já nesta quarta-feira (12), após aumento de mais de 260% nos casos nos últimos 30 dias, Marília soma 1.352 testes positivos, incluindo 24 mortes. O número, proporcionalmente, iniciou o mês abaixo de outras cidades da região, como Bauru, Lins, Ourinhos, Assis e Tupã.
Para a superintendente do Hospital Beneficente da Unimar (HBU), Márcia Mesquita Serva, o avanço da doença em Marília foi tardio em relação a outras regiões do Estado. Apesar de muita gente já ter sido curada, o grande número de pacientes que necessitam de internação já começam a pressionar o sistema de saúde.
Para ela Márcia, já é o momento de pensar em nova ampliação. “O avanço da doença é rápido e podemos não ter tempo para todos os processos de instalação e liberação de leitos. Melhor correr agora e preparar, do que esperar e termos o risco de perder vidas”, alerta.
Nesta terça-feira (11) a ocupação nas UTIs de Marília atingiu 61,11%, após ter batido a casa dos 70%, há uma semana. A cidade tem 67 leitos específicos, sendo 26 no Hospital das Clínicas, 26 no HBU e 15 na Santa Casa.