Pandemia faz aumentar em quatro vezes entrega de cestas
A entrega de cestas básicas para famílias carentes em Marília, em seis meses de 2020, já superou em praticamente quatro vezes o total destinado durante todo o ano passado. Dados do Fundo Social de Solidariedade indicam que foram distribuídas 20.300 unidades, cerca de 90% desse total após o início da pandemia.
O Fundo Social não faz compra de alimentos, trabalha apenas com doações. Entre janeiro e junho do ano passado o órgão recebeu e destinou 5.256 cestas básicas na cidade, média de 870 por mês.
Com a pandemia do novo coronavírus – após intervalo para reorganização do serviço no final de março, imediatamente após decreto municipal – o Fundo Social recebeu doação de 10 mil cestas de uma rede mariliense de supermercados.
Outra rede com supermercados na cidade doou mais 1,2 mil cestas, também em abril. Hipermercados e empresas de vários segmentos repassaram ao fundo cestas e alimentos avulsos, para montagem de kits.
Parceiras nas comunidades
O Fundo Social possui cadastro com cerca de 50 líderes comunitários. Jane Viaes, que assessora a presidente da instituição, Regina Alonso, explica que as lideranças comunitárias têm papel fundamental para identificar quem realmente precisa.
“Em abril, principalmente, recebemos milhares de cestas de uma única vez. Esses alimentos precisavam chegar rapidamente às pessoas. Então tivemos que fazer uma grande mobilização e os líderes ajudaram muito, fazendo as listas”, afirmou.
Um dos desafios foi evitar que os moradores da mesma casa fossem beneficiados várias vezes, colocando diferentes membros da família a fila. “Eles (líderes comunitários) conhecem as pessoas e nos ajudaram em relação a esse controle”, disse Jane.
As cestas básicas do Fundo Social, com o número de itens que a entidade costuma compor, tem como meta alimentar uma família de quatro pessoas por 15 dias.
No período de pandemia, porém, o tamanho do kit teve grande variação, devido às inúmeras fontes de cestas já montadas.
Fake News
A ação do Fundo Social foi alvo de “boatos”, que chegaram a gerar denúncia na polícia. Mensagens – não reconhecidas pelo órgão – sobre distribuição em locais e datas erradas levaram grande número de pessoas a pelo menos dois centros comunitários.
Como resultado, filas e aglomerações, além de pessoas frustradas e desorientadas. A Prefeitura enviou comunicado à imprensa e registrou Boletim de Ocorrência para a polícia apurar a origem dos boatos.
Novas estratégias
Em abril e maio, o volume de doações fez com que os voluntários entregassem até 200 cestas por dia. “Foi um desafio imenso, porque não podemos provocar aglomerações. A saúde das pessoas é prioridade”, ponderou Jane.
Já no mês de junho, o trabalho segue outro ritmo – resultado também na queda das doações. Em dois dos três dias da semana, a presidente do Fundo Social tem feito reuniões com empresários, para tentar atrair mais donativos.
Nos outros três dias, faz entrega com as voluntárias. “São cerca de 30 ou 40 por dia, o que também é um bom volume. Mas temos ido nas casas, por indicação de casos que chegam até nós”, conta Jane.
Quem tiver informações sobre famílias passando por privação de alimentos, pode entrar em contato com o Fundo Social. O telefone e o 3417-6650. Doações põem ser entregues na rua Nove de Julho, 1.600, entre a rua 24 de Dezembro e a avenida Santo Antônio.