História de mariliense emociona e arrecada quase R$ 100 mil
Na luta pela sobrevivência em meio a pandemia, o pintor José Rafael Marciano, de 32 anos, que descobriu-se “salgadeiro” por necessidade, ganhou mais que uma nova profissão. Ele ganhou milhares de admiradores nas redes sociais e mais de 2.050 “investidores” solidários, que já garantiram para ele R$ 97 mil em doações. E pensar que tudo começou após ele ser humilhado por um cliente.
Rafael tem três filhos, é deficiente e tem apenas parte do braço esquerdo. Ele paga aluguel em uma casa modesta no bairro Alto Cafezal, na zona Oeste de Marília.
Após uma temporada morando em Minas Gerais, voltou para Marília há cerca de três meses. O plano era continuar trabalhando como pintor, mas veio a pandemia.
Diante das despesas e falta de renda, usou os seus dotes culinários e passou a produzir salgados e doces. Os anúncios na internet eram diários, que tinham o reforço dos amigos, mas os negócios não iam bem. Em alguns dias, vendia muito pouco, abaixo do necessário para cobrir os custos.
Na manhã de terça-feira (23) ele passou por uma triste situação, após ser humilhado por um homem que não aceitou o atraso de sua encomenda e fez ele voltar para casa com os 54 salgados.
Segundo ele, o cliente ligou por volta das 9h pedindo tudo pronto às 11h. Devido a sua deficiência, não conseguiu entregar dentro do prazo. “Liguei para explicar a situação, disse que entregaria às 13h, mas ele não quis me ouvir e começou a me xingar muito. Disse que não sou profissional, que ele estava querendo me ajudar, mas que eu era muito folgado”, conta.
O salgadeiro fez um post, anunciando os salgados, mas deixou claro que se não vendesse rapidamente, tudo seria doado. “Fiquei muito triste, mas não baixei a cabeça e resolvi que nada ia me parar. Anunciei para vender, não para sensibilizar as pessoas, mas acabou gerando toda essa repercussão”, conta.
O relato acabou compartilhado por amigos, desconhecidos e influenciadores digitais. O resultado é que acabou chegando ao site Razões para Acreditar, que promove vaquinhas no chamado “mercado solidário”, onde pessoas de qualquer lugar do mundo podem conhecer histórias e contribuir.
Nesta sexta-feira (26) pela manhã, o site já havia arrecadado mais de R$ 97,6 mil para a causa de Rafael. “Eu fui surpreendido. Me ligaram pedindo autorização para abrir a vaquinha e para eu assinar o contrato, porque a história estava chamando muita a atenção na internet”, conta.
O salgadeiro afirma que vai usar o dinheiro para iniciar uma pequena fábrica de salgados. O sonho dele é crescer e ajudar outras pessoas a também superarem seus limites.
Como Rafael ainda paga aluguel e a publicação da história dele é uma das mais bem sucedidas no site, a empresa já anunciou que vai abrir nova campanha, para a compra de uma casa para a família. A primeira fase da campanha superou em 297% a arrecadação pretendida.