Pandemia reduz procura de pacientes infartados por hospitais
Por Mariana Roncari
A comunidade científica concorda que o isolamento social é a melhor medida para impedir a disseminação do Covid-19. Mas igualmente importante para a preservação da vida é a busca de socorro médico quando pacientes portadores de doenças crônicas, como as cardiopatias, enfrentam complicações de saúde.
Os dados de atendimento emergencial, contudo, mostram que essa recomendação deixou de ser seguida por uma parcela da população. Os registros da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista mostram uma queda de 50% no atendimento a pacientes infartados em comparação ao mesmo período do ano de 2019. Em Marília, a Unidade de Cardiologia do Hospital Unimar registrou uma redução de 30% na procura por seus procedimentos nas últimas semanas.
Apesar de haver a possibilidade de uma queda no número de infartos, os especialistas trabalham com a hipótese de que o receio de procurar o hospital esteja atrasando a busca pelo socorro. Em Nova Iorque, por exemplo, epicentro da pandemia até o momento, o número de mortes por ataque cardíaco em casa aumentou oito vezes em relação aos meses de março e abril de 2019.
A suposição de postergação no atendimento motivado pelo receio de sair de casa começa a ganhar força com a chegada de pacientes infartados há dias nos serviços de emergência de Marília e região. “Os pacientes chegam já em situações graves, que muitas vezes poderiam ser revertidas com uma intervenção mais precoce. Essa procura tardia pelo atendimento pode ser fatal”, alertam os médicos da Unidade de Cardiologia do HU.
SEGURANÇA REDOBRADA
Entre as prováveis justificativas para evitar os serviços de atendimento cardiológico em caso de sintomas de infarto está o medo de contrair o Covid-19. O temor é compreensível, mas é preciso lembrar que, dentro de um hospital, o caminho feito por pacientes acometidos pelo novo coronavírus é diferente daqueles vitimados por um infarto, inclusive com atendimento feito por profissionais de saúde distintos daqueles que estão direcionados para o enfrentamento da pandemia.
Importante lembrar ainda que, diferentemente de locais de passeio, o ambiente hospitalar segue criteriosas normas sanitárias e atualmente passa por cuidados reforçados em sua higienização para garantir máxima segurança aos profissionais da saúde e pacientes.
Entre as medidas adicionais de segurança adotadas pela Unidade de Cardiologia estão ações como o distanciamento de pacientes na sala de espera e higienização completa do consultório com álcool 70 ou outro produto sanitizante antes de cada consulta, que é realizada com horário marcado. É ainda solicitado ao paciente não chegar com antecedência superior a 10 minutos da consulta, com presença de acompanhante somente quando absolutamente necessário. Todos devem utilizar máscara e o álcool gel está disponível tanto na sala de espera como também nos consultórios.
MANUTENÇÃO DE CUIDADOS
Os profissionais da Unidade de Cardiologia do HU ressaltam que este não é o momento para realizar check-ups de rotina, mas sim buscar o atendimento em situações sugestivas de infarto, bem como para realizar a manutenção dos cuidados de rotina aos portadores de cardiopatias. “É preciso manter sua consulta de seguimento pós-operatório, levar os exames já realizados para que o médico possa realizar a adequada prescrição e garantir sua medicação de rotina. Não suspenda seu tratamento em nenhuma hipótese”, salientam os especialistas do serviço.
ALERTA
As doenças cardiovasculares são apontadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a principal causa de mortalidade no mundo. No ano de 2019, o Cardiômetro – plataforma criada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia para indicar o número de mortes por essas doenças no País – registrou mais de 289 mil vítimas. A SBC estima a ocorrência de uma morte a cada 90 segundos.
O infarto, condição provocada pela obstrução da passagem do sangue por uma artéria, causa necrose total ou parcial da área cardíaca por ela irrigada. A intervenção cardíaca visa a desobstrução dessa artéria o mais rápido possível para evitar a morte de uma região do tecido cardíaco, prevenindo o óbito do paciente e reduzindo os danos que comprometeriam sua qualidade de vida, tais como o desenvolvimento de arritmias e insuficiência cardíaca.
Entre os principais sintomas deste evento cardíaco estão o desconforto ou dor torácica sem localização específica na região do peito, que pode irradiar para outros pontos do tórax, costas, pescoço e braços, especialmente do lado esquerdo. Pode haver ainda sudorese, palidez e falta de ar.
Caso apresente sintomas, não hesite em procurar o serviço de emergência mais próximo.
SAIBA MAIS
Para mais informações, entre em contato com a Unidade de Cardiologia do Hospital Unimar, que fica na Rua Doutor Próspero Cecílio Coimbra, 80, Subsolo 2. O telefone é o (14) 2105-4536.
Diretor responsável técnico: Ricardo José Tofano – CRM/SP: 86.888.